Ação da Polícia Militar na Favela do Moinho, região central de São Paulo acabou com dois feridos, na tarde desta quinta-feira (2). Uma criança cadeirante, de 7 anos, foi mordida por um cachorro do canil da corporação, que buscava drogas no local. Um jovem, de 18 anos, teve um corte profundo na mão.
A operação do 5º Canil da PM começou por volta das 15h. De acordo com um morador, que pediu para não ser identificado, a ação foi violenta “desde o princípio” e os policiais teriam entrado na favela jogando bombas nas moradias e fechando as possíveis rotas de fuga.
Ele pulou do segundo andar da casa dele, falando que os policiais queriam matar ele.
“Teve uma invasão de umas policias aqui na Favela do Moinho, eles invadiram um barraco, onde tinha um adolescente de 18 anos. Se não me engano, cortaram a mão dele, tentaram esculachar ele lá dentro, ele pulou do segundo andar da casa dele, falando que os policiais queriam matar ele. Ele saiu correndo, com a mão sangrando, e acabei de receber a notícia da irmã dele, dizendo que ele perdeu o movimento da mão”, afirma o morador.
Entraram na minha casa para matar meu filho.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a tropa realizava uma “operação de rotina em busca de drogas” e um cão teria farejado drogas na casa de Sidney Santos de Lima, de 18 anos. O jovem teria tentado escapar da abordagem policial e foi ferido. Os familiares contam que o jovem estava dormindo e teria sido acordado “com tapas” pelos agentes.
“Eles entraram na minha casa para matar meu filho. Meu filho nunca fez nada”, afirma Maria Cristina Gomes dos Santos, de 55 anos, mão de Santos de Lima. De acordo com moradores, o jovem estava sendo torturado em sua casa e saltou do segundo andar do imóvel. Antes da fuga, um dos policiais teria feito um corte profundo, usando uma faca, na mão de Santos de Lima, que foi internado na Santa Casa, na região de São Paulo, onde passará por uma cirurgia.
A operação revoltou a comunidade, que expulsou os policiais da favela. Os agentes revidaram com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Nas ruas do entorno, os moradores montaram barricadas com sacos de lixo e atearam fogo. O trânsito chegou a ser interrompido, momentaneamente, na avenida Rio Branco, no sentido centro.
Arnóbio Rocha, da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, estava na Favela do Moinho durante a operação e criticou a operação policial. “Eles estavam na comunidade, de forma ostensiva e com arma pesada. Tentamos conversar para que eles saíssem, recuassem, mas eles estavam muito hostis. Quando a comunidade avançou, a polícia recuou e depois jogou muitas bombas.”
A Polícia Militar se recusou a comentar as agressões que teriam sido cometidas por policiais militares.
Edição: Rodrigo Durão Coelho