Mais pessoas morreram em casa por doenças cardiovasculares durante a pandemia. É o que indica os números apresentados pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e pela Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil).
O aumento de mortes em domicílio por AVC, infarto e outras doenças cardiovasculares foi de mais de 30%, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2019, entre os meses de março e maio, foram 11.990 mortes por doenças cardíacas. Neste ano, foram 15.847 óbitos.
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Na avaliação da SBC, as mortes por doenças cardíacas têm possivelmente três fatores principais: acesso limitado a hospitais onde houve sobrecarga do sistema de saúde, redução da procura por cuidados médicos devido ao distanciamento social ou por medo de contrair Covid-19, e também o isolamento que prejudica a detecção de sintomas.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga, aponta ainda que a Covid-19 também afeta o sistema cardíaco. A orientação do cardiologista é que pessoas com doenças cardíacas não deixem de fazer uso dos medicamentos já utilizados de maneira contínua. Ele também reforça a importância de não fumar e de melhorar a alimentação.
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"O novo coronavírus também tem ação direta no coração. Ele pode promover uma inflamação do músculo cardíaco, uma resposta inflamatória sistêmica - que na forma grave provoca uma tempestade de citocinas - e com isso as pessoas têm mais chance de formar coágulos. E esses coágulos podem acarretar, por exemplo, infarto e também produzir acidente vascular cerebral (AVC)", explica.
Devido a diferentes prazos legais para a realização do registro de morte e ainda para o envio das informações à Central de Informações do Registro Civil, a Arpen também alerta que os números por doenças cardíacas em casa podem ser ainda maiores.