Coluna

Proteção à saúde mental em tempos de pandemia 

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A pandemia e o distanciamento trouxeram novos desafios para a manutenção da nossa saúde mental - Rodrigo Buendía/AFP
Não existe nenhuma diretriz do governo para pessoas com transtornos psicossociais na pandemia

 

Uma das faces pouco reveladas ainda dos impactos da pandemia da covid-19, sobretudo como o governo federal lida com a pandemia é o tema da saúde mental: os impactos psicossociais e o aumento cada vez mais frequente desses episódios.

Primeiro porque não existe nenhuma diretriz e coordenação por parte do Ministério da Saúde do funcionamento dos serviços na área do SUS de cuidado com pessoas com transtornos psicossociais nesse momento. Aliás, o SUS não tem qualquer orientação por parte do Ministério da Saúde para o funcionamento das equipes de Saúde da Família, dos agentes comunitários de Saúde e dos vários equipamentos de base comunitária do campo da saúde mental. Isso é gravíssimo porque temos milhões de pessoas que são acompanhadas regularmente e tiveram esse acompanhamento absolutamente suspenso, desmontado, sem qualquer orientação por parte do Ministério da Saúde.

Segundo por conta da ausência de políticas públicas do governo federal, de governos estaduais e municipais, para lidar com as vulnerabilidades das pessoas diante da situação crítica da pandemia e da crise econômica, ampliam-se cada vez mais os transtornos mentais, os episódios de saúde mental, e seus impactos na vida das pessoas.

Terceiro é absolutamente já registrado a relação entre crise econômica, desemprego, aumento da pobreza e aumento dos transtornos mentais, sobretudo a depressão, aumento de suicídios. A relação é registrada não só no Brasil como nos países europeus.

Por isso, estamos muito preocupados que possam existir ações preventivas, mediações, gestão dos transtornos mentais, sobretudo depressão em cima dos trabalhadores, do ambiente estressante que é o espaço de trabalho. Esta necessidade está ainda mais forte agora no momento onde várias atividades econômicas são reabertas em meio a pandemia expondo os trabalhadores do risco, não só da infecção da covid-19 mas do aumento das atividades estressantes e de impactos psicossociais.

Eu, inclusive, apresentei um projeto de lei (3588/2020) buscando mudar a CLT nesse sentido para introduzir as ações de promoção, prevenção, mediação de transtornos psicossociais e de risco as doenças psicossociais no ambiente de trabalho. Deve ser algo a ser assumido pelos patrões,  empresários, assim como deve ser assumido e já foi estabelecido na CLT, ações de prevenção em relação a outros riscos.

A depressão e os transtornos psicossociais são os principais mal do século e a covid-19 como principal pandemia desse século vem só reforçar o risco desse problema.  


 

Edição: Rodrigo Durão Coelho