Parlamentares de oposição disseram que vão pedir investigação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre uma possível prática de "rachadinha", ainda enquanto deputado. Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, no sábado (4), houve intensa movimentação salarial e exonerações de fachada no gabinete do então parlamentar.
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O jornal analisou documentos relativos aos 28 anos em que Bolsonaro foi deputado federal, de 1991 a 2018, e descobriu que mais de um terço dos contratados tiveram movimentações atípicas de salário durante o período. Há casos, por exemplo, de funcionários que foram demitidos e recontratados no mesmo dia, ainda conforme a reportagem.
Deve responder à justiça e ao país!
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, afirmou, no Twitter, que acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que o presidente responda sobre as movimentações à Justiça. "Estamos acionando o MPF p/ investigar esse “vaivém” no gabinete de Bolsonaro: movimentações atípicas de servidores que indicam provável prática de RACHADINHA no gabinete do então deputado Jair Bolsonaro. Deve responder à justiça e ao país!", disse.
O senador Humberto Costa (PT-PE) chamou as movimentações de "farra com o dinheiro público". "Além de ter ficado marcado por não ter feito praticamente nada para o país em 28 anos como deputado na Câmara, Jair Bolsonaro fez a farra com o dinheiro público em seu gabinete. No período,manteve funcionários fantasmas e quadruplicou salários atipicamente".
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Deputado medíocre se lambuzou em promoções de assessores que devolviam parte dos salários.
O deputado Ivan Valente (PSOL-RJ) disse que as movimentações desmoronam "o mito". Ele citou o caso da vendedora Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí, parte de uma investigação sobre funcionários fantasmas e cujo cargo foi alterado 26 vezes no gabinete de Bolsonaro.
"Bolsonaro deputado é rei da rachadinha. Wal do Açaí é funcionária fantasma e mesmo assim recebeu 26 variações salariais em entre 2013 e 2018. A lista é longa. Deputado medíocre se lambuzou em promoções de assessores que devolviam parte dos salários. O 'Mito' desmorona", comentou Valente.
As rachadinhas não são um esquema de Flávio, mas da família.
Para o deputado Marcelo Freixo, a prática de "rachadinhas" é um esquema familiar dos Bolsonaro. "A movimentação suspeita nos cargos e salários do gabinete de Jair Bolsonaro quando ele era deputado mostram que as rachadinhas não são um esquema de Flávio, mas da família. Nove assessores do 01 que estão sendo investigados eram lotados no gabinete de Jair na Câmara".
Edição: Rodrigo Chagas