Luiz perguntou “por quê?” de propósito, para saber qual seria a gozação do Valdir
Meu conterrâneo Valdir era um gozador. Qualquer coisa que via, inventava alguma gozação na hora. E, considerado muito feio, fazia pose de bonito e dizia que os outros é que eram feios.
Um dia, por exemplo, chamou o amigo Luiz Gonzaga e falou:
— Ê, Luiz... Que sorte ocê tem co’essa feiura, hein?
O Luiz perguntou “por quê?” de propósito, para saber qual seria a gozação do Valdir, e ele respondeu:
— Uai... A gente que é bonito vai ficando véio e vai perdendo a beleza. Ocê, que é feio, num perde nada, só ganha. Quando mais véio, mais vai ganhando feiura.
:: Mais Mouzar: Exemplos práticos de educação libertadora, ou ao menos "desinibidora" ::
Uma vez, quando meus pais ainda moravam em Nova Resende, fui passar umas férias lá, no mês de janeiro, e andei pelas roças acompanhando folias de reis. Era uma diversão gostosa.
A folia ia cantando de casa em casa, cantando e louvando o nascimento de Jesus Cristo, e sempre, quando ia chegando o meio-dia alguém oferecia almoço pra todo mundo.
:: Mais Mouzar: Às vezes melhor um bom ditado popular que um diagnóstico médico ::
E era aquele tipo de almoço com comida bem engordurada, muita carne de porco. Comida saborosa, mas pesada. E bebida à vontade, também. A gente se empanturrava...
:: Mais Mouzar: A difícil hora de saber parar ::
E o efeito, às vezes, era uma baita dor de barriga. Comentei com algumas pessoas sobre a fartura que tinha nessas festas, com muita comida e bebida de graça, o Valdir ouviu e falou pra mim e pra turma toda que estava comigo:
— Folia de Reis boa mesmo eu peguei foi na Fazenda Macaco...
Fez uma pausa e explicou:
— A festa acabou já faz três dias e tô com o intestino desarranjado até hoje. Toda hora tenho que correr pra privada...
Edição: Lucas Weber