O governo exonerou nesta segunda-feira (13) a pesquisadora Lubia Vinhas, coordenadora-geral de Observação de Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A dispensa é assinada pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
O departamento que ela comandava é responsável pelo monitoramento da devastação florestal no país e publicou, três dias atrás, um estudo que aponta outro recorde de desmatamento na Amazônia.
O Brasil de Fato questionou o Ministério de Ciência e Tecnologia sobre o motivo da exoneração, mas, até a última atualização desta reportagem, não teve retorno.
:: Leia mais: Amazônia em chamas | Os impactos da devastação da maior floresta tropical do mundo ::
Segundo o levantamento, a destruição ambiental em junho é a maior dos últimos cinco anos, levando em conta o mesmo período. No mês, a área de devastação foi de 1.034,4 km², uma alta de 10,65% em relação ao mesmo período do ano passado quanto a área devastada foi 934,81 km².
Ainda conforme o departamento que Lubia dirigia, já são 14 meses consecutivos de crescimento do desmatamento em relação aos mesmos meses do ano anterior. Ao todo, foram desmatados 7.566 km², contra 4.589 km² no período de agosto de 2018 a junho de 2019. O aumento é de 65%.
:: Quem são os desmatadores da Amazônia? ::
Por causa da divulgação de dados, o Inpe é alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) há pelo menos um ano. Em julho de 2019, o governo também reagiu à divulgação de dados que mostravam desmatamento histórico no país com outra exoneração.
Sob a justificativa de que o instituto estava a serviço de organizações ambientais estrangeiras, o presidente mandou exonerar o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão.
Apoiado pela maior parte da comunidade científica brasileira, Galvão defendeu os dados e rebateu as acusações do presidente. Em entrevista ao Brasil de Fato, em setembro de 2019, ele disse não se arrepender do trabalho feito e afirmou que teme a perda do prestígio internacional alcançado pela ciência brasileira nas últimas décadas.
Em dezembro do mesmo ano, Galvão foi escolhido um dos dez cientistas do ano pela revista britânica Nature.
Edição: Leandro Melito