A pandemia afetou em cheio os micro e pequenos negócios no Brasil. Mas o impacto ainda é maior para os pequenos negócios liderados por negros, segundo pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O levantamento revela que 70% dos negócios liderados por negros estão em locais onde o isolamento social foi mais rígido, enquanto essa porcentagem é de 60% para empresas de pessoas brancas.
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Outro dado que revela esta diferença é em relação à inclusão digital. Enquanto 40% dos negócios de brancos continuaram operando pela internet, esse número é de 32% no caso das empresas com donos negros.
A empresária Adriana Barbosa, que coordena uma plataforma de formação de empreendedores negros que já auxiliou mais de 2 mil empreendimentos nos últimos 20 anos, destaca os obstáculos enfrentados por esses pequenos negócios.
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"Por ser uma maioria que empreende pela necessidade, não necessariamente passaram por uma educação empreendedora, com terminologias, ferramentas e contexto inerentes ao ecossistema empreendedor", diz.
A pesquisa do Sebrae revela ainda que 70% dos empresários negros são MEI, microempreendedores individuais, que só podem ter, no máximo, um funcionário. Para a empresária negra Adriana Barbosa, esse dado revela que o negro vira empreendedor por necessidade, o que começou com o fim da escravidão.
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"Após a abolição não teve terra, nada. E para sobreviver, os empreendedores negros começam a vender coisas por necessidade. E esse é um ponto de partida primordial na diferença entre brancos e negros. Por isso a maioria é MEI, porque é pela necessidade. E agente fala de negros no mercado formal agora. Até pouco tempo atrás havia uma ausência de negros à frente de empresas", afirma.
Outra desigualdade em relação à população branca revelada pela pesquisa é no acesso ao crédito. Enquanto 55% dos empreendedores brancos tiverem crédito negado pelos bancos, essa porcentagem é de 61% no caso dos negros.
A empresária Maíra da Costa, que tem uma loja de alimentos saudáveis no centro de São Paulo, foi uma das que conseguiu acessar recursos por meio de empréstimos.
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"É uma empresa minha e da minha mãe, duas mulheres negras. E fomos muito impactadas, porque não tínhamos uma reserva tão grande para aguentarmos quatro meses paradas. Então a gente teve que se readaptar, renegociando algumas dívidas com o banco. Mas tenho certeza que vamos sair da pandemia cheias de dívidas que não tínhamos antes dela começar", lamenta.
Apesar da redução do faturamento ter sido semelhante entre brancos e negros, os negócios liderados por negros são mais recentes, com média de seis anos, e faturamento médio 39% inferior aos negócios liderados por brancos.