Para denunciar a falta de funcionários e a ameaça aos direitos dos trabalhadores, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo realiza um ato na estação Brigadeiro da linha 2-Verde do Metrô, nesta sexta-feira (17), a partir das 16h,
A mobilização acontece após um incêndio na estação na madrugada do dia 9 de julho, em que, apenar do horário, ainda havia operação comercial. O trabalho de evacuação dos trens foi feito pelo único funcionário que estava a serviço na estação com o apoio de também única dupla de segurança e funcionários da manutenção. O fogo foi contido pelo corpo de bombeiros.
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Na visão da entidade, o ocorrido evidenciou irregularidades no Metrô do ponto de vista da segurança, tais como a ausência de uma brigada de incêndio, falta de funcionários e treinamento, o que coloca em risco a vida dos trabalhadores e usuários.
"Poderia ter tido uma tragédia parecida com a boate kiss.Pelo nosso treinamento tem q ter funcionário pra constatar o princípio de incêndio, outro q emite um aviso sonoro alertando o pbm e ponto de localização, outro pra aguardar o corpo de bombeiros para indicar o local do registro de recalque (para o corpo de bombeiros acoplar a mangueira, outro segura a mangueira do hidrante e mais pra acionar a bomba q impulsiona a água etc. Um absurdo completo", afirma em nota o sindicato.
Imagem divulgada nas redes sociais mostra o momento do incêndio:
ATENÇÃO: Estação Brigadeiro, do Metrô-SP, pega fogo na Avenida Paulista. Via que passa por cima da estação foi fechada e bombeiros estão no local. Vídeo: @taymatosh pic.twitter.com/VDooV9Tiph
— Renato Souza (@reporterenato) July 9, 2020
Altino Prazeres, da coordenação geral do sindicato, aponta que a realidade de redução do quadro de funcionários ocorreu nós últimos anos, ao passo que houve aumento do número de usuários. De acordo com a categoria, eram 10 mil trabalhadores no metrô e agora há 8 mil, uma redução de 2 mil.
“A gente acha que esta inadequado, além do tema de que há muita terceirização, falta de funcionários. Não temos mais todas as equipes de segurança como tinha antes, vários lugares e estações têm, às vezes, um funcionário só para atender toda a estação, o que, inclusive, na legislação não é permitido, tem que ter, pelo menos, dois. Então estão tendo vários problemas. Com a pandemia, isso se agrava mais ainda, porque as pessoas estão adoecendo, se afastam”, pontua Prazeres.
As causas do incêndio ainda são investigadas, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) acompanha o processo.A suspeita é que algum material inflamável tenha sido colocada embaixo de uma grelha na Avenida Paulista e alguém possa ter jogado uma bituca de cigarro, que teria levado ao incêndio. O laudo do corpo de bombeiros deve sair na próxima terça-feira (21).
Greve dia 28/7
Além desta ocorrência, o Sindicato luta para que o governo estadual e o Metrô aceitem adiar as negociações do acordo coletivo, que vigorou até 30 de abril, para depois da pandemia. Após mais de dois meses de tentativas de negociação com a empresa, a categoria anunciou uma paralisação para o dia 28 de julho.
Em assembleia online, no dia 14 e 15 de julho, 91% dos metroviários aprovaram a greve e a proposta do sindicato de reivindicar o fim dos ad nutum (cargos sem concursos) e das Gratificações de Função (GFs) e manutenção dos direitos dos trabalhadores.
A categoria chegou a suspender a paralisação prevista para o início do mês, 8 de julho, para dar continuidade as negociações com a empresa, mas até agora há empasse.
De acordo com o sindicato, Metrô e governo estadual alegam que as alterações se deram pela baixa arrecadação da companhia, já que o fluxo de pessoas tem sido mais baixo durante a pandemia do coronavírus.
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“Se o Metrô quer tirar alguma coisa poderia tirar, por exemplo, do presidente do metrô que ganha dois salários, que ganha como presidente e conselheiro, que é um absurdo. Legalmente de acordo com os advogados é legal, mas é imoral, porque o ele é conselheiro do presidente, de si mesmo e ganha dois salários por isso. Salário maior que do governador”, afirma Prazeres.
Entre as mudanças impostas aos trabalhadores, sem diálogo, de acordo com o sindicato, estão a redução do adicional noturno, do valor da hora extra, do adicional de risco de vida dos bilheteiros, do auxílio-transporte e um desconto maior no plano de saúde e diversos outros itens da campanha salarial.
“Neste momento, inclusive, nós não estamos pedindo aumento salarial. Mas simplesmente que se garanta aquilo que já estava acordado no acordo coletivo. A empresa quer atacar nosso acordo coletivo anterior, ou seja, reduzir as condições de trabalho que já existem”, declara o coordenador do sindicato.
Ainda segundo a entidade, o pagamento de junho já apresentou descontos significativos antes mesmo do fechamento de um acordo final, comprometendo a renda dos trabalhadores em um momento de grave crise econômica.
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As negociações continuarão na próxima semana, caso não haja avanço na garantia de direitos dos trabalhadores, a greve do dia 28 de julho estará mantida. Outra possibilidade levantada pela categoria é a catraca livre, gratuidade do transporte para os usuários.
“Uma alternativa a greve para o Metrô e para o governo do estado é a catraca livre caso eles tivessem acordo, mas por enquanto eles não tem acordo”, encerra Prazeres.
Até o fechamento da reportagem, o Brasil de Fato não obteve nenhum posicionamento do Metrô de São Paulo.
Edição: Rodrigo Durão Coelho