Há exatamente quatro meses, no dia 22 de março, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o número de mortes por covid-19 não ultrapassaria a quantidade de óbitos causados por H1N1, que, de acordo com o capitão reformado foram 800. A declaração, em entrevista ao Domingo Espetacular, da TV Record, não especificava o período de análise.
No dia 8 de abril, duas semanas após a fala do presidente, o Brasil registrou 814 óbitos, ultrapassando o número estipulado pelo capitão reformado. Até 19h desta terça-feira (21), já foram registradas 81.487 mortes por covid-19, mais de cem vezes mais do que Bolsonaro previu.
Ainda assim, no decorrer dos meses em que a epidemia castigou o Brasil, Bolsonaro costuma retomar o discurso simplificador, afirmando, por exemplo, que se trata de uma “gripezinha”.
No dia 22 de maio, durante entrevista coletiva em frente ao Palácio do Planalto, o presidente negou a responsabilidade do governo federal sobre medidas preventivas com frases como "o Estado não pode zelar por todo mundo".
"Lamento as mortes, mas é a realidade. Todo mundo vai morrer aqui. Não vai sobrar nenhum aqui. (...) E se morrer no meio do campo, urubu vai comer ainda. (...) Pra que levar o terror junto ao povo? Todo mundo vai morrer. Quem tiver uma idade avançada e for fraco, se contrair o vírus, vai ter dificuldade. Quem tem doenças, comorbidades, também vai ter dificuldades. Esse pessoal que tem que ser isolado pela família, o Estado não tem como zelar por todo mundo, não", afirmou o presidente.
No começo de julho, ele apresentou sintomas da doença e seu teste deu positivo para covid-19. Na ocasião, fez expressivas propagandas dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina, cuja eficácia não foi comprovada cientificamente.
Edição: Leandro Melito