“O objetivo é fazer com que o SUS tenha produtos estratégicos dentro da saúde pública"
Por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), com o laboratório farmacêutico brasileiro Cristália, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começou, nesta semana, a fornecer o biofármaco somatropina ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de pacientes com deficiência de hormônio de crescimento humano e diagnosticados com Síndrome de Turner – doença genética que causa baixa estatura em mulheres.
Até então o medicamento chegava aos pacientes majoritariamente por meio de compra em outros países realizada pelo Ministério da Saúde, por meio de licitação, estando o fornecimento sujeito a desabastecimentos por causas externas ao Brasil. Com a produção do fármaco em território brasileiro, também ocorre o fortalecimento do complexo industrial do País e também do SUS.
De acordo com Hugo Defendi, chefe da Divisão de Novos Negócios de Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, “anteriormente o Ministério da Saúde não conseguia fazer aquisição centralizada desse produto para poder distribuir para toda a população. Essa parceria possibilita que o Ministério tenha essa compra centralizada e possa de uma maneira mais equitativa proporcionar e dar o acesso a esses pacientes”.
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Defendi explica que objetivo de produzir este medicamento no Brasil também é “fazer com que o SUS tenha uma certa sustentabilidade, principalmente no que diz respeito ao fornecimento de produtos estratégicos dentro da saúde pública”. Atualmente, cerca de 32 mil pessoas dependem da somatropina dentro do SUS, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A gente também vai ter a capacidade de ofertar esse produto produzido em um laboratório público.
Atualmente, o medicamento já está em fase de distribuição para o SUS. Para os próximos anos, Defendi espera que a própria Bio-Manguinhos, um laboratório público, possa produzir o medicamento, já que hoje o fármaco é feito pelo laboratório Cristália.
“A partir do momento em que a gente vai internalizando essa tecnologia no laboratório oficial, que é o Bio-Manguinhos, a gente também vai ter a capacidade de ofertar esse produto produzido em um laboratório público e podendo aumentar a capacidade de oferta”, afirma Defendi.
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O chefe da Divisão de Novos Negócios de Bio-Manguinhos comemora a parceira em todos os seus aspectos, e vê o momento como um importante passo para o Brasil.
“A parceria vem para trazer ciência, tecnologia, fortalecer todo o complexo industrial da saúde e a gente também poder ter essa diminuição de desabastecimento e poder fornecer continuamente esse produto para toda essa população que necessita”, conclui Defendi.
Edição: Rodrigo Chagas