O Ministério de Relações Exteriores da Venezuela denuncia, por meio de um comunicado, invasão e depredação do seu consulado na capital colombiana, Bogotá. Janelas e móveis foram quebrados, paredes pixadas e o recinto consular está repleto de lixo. A chancelaria afirma que as autoridades colombianas devem responder pelo caso.
"As autoridades colombianas deixaram o consulado sem proteção, violando as Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e Consulares. O Estado colombiano deve responder", afirmou o ministro Jorge Arreaza.
Denunciamos que la sede del Consulado de Venezuela en Bogotá ha sido vandalizada y saqueada por completo. Las autoridades colombianas la dejaron sin protección, violando las Convenciones de Viena sobre Relaciones Diplomáticas y Consulares. El Estado colombiano debe responder. pic.twitter.com/zOnNGUSzXo
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) July 28, 2020
O Consulado estava desocupado desde fevereiro de 2019, quando o presidente Nicolás Maduro rompeu relações diplomáticas com a Colômbia, depois de encontrar evidências da colaboração do governo de Iván Duque em atentados e planos desestabilizadores contra a Venezuela, como o ataque com drones contra autoridades venezuelanas, em agosto de 2018, e a tentativa de entrada de suposta ajuda humanitária em fevereiro de 2019.
No comunicado, as autoridades venezuelanas chamam atenção para o artigo 45 da Convenção de Viena, que diz "em caso de ruptura de relações diplomáticas entre dois Estados (...) o Estado receptor está obrigado a respeitar e proteger, ainda em caso de conflito armado, os locais da missão diplomática, assim como seus bens e arquivos."
O vice-chanceler para América Latina, Rander Peña reitera a denúncia. "Hoje o governo colombiano soma aos seus atos hostis, a violação flagrante dos artigos 22 e 45 da Convenção de Viena, ao permitir por ação ou omissão a ocupação ilegal da nossa sede consular em Bogotá". Até o momento as autoridades colombianas não se pronunciaram a respeito.
Relações bilaterais
Colômbia e Venezuela têm uma história profundamente entrelaçada, desde a independência da chamada Gran Colombia, pelo libertador Simon Bolívar, que previa que as duas nações, na verdade, deveriam ser uma só. Compartilhando 2.219 km de fronteira, as proximidades históricas e culturais entre os dois povos são muitas.
Existem cerca 1,8 milhão de venezuelanos vivendo na Colômbia, segundo autoridades migratórias colombianas, enquanto 5,6 milhões de colombianos vivem na Venezuela, de acordo com o governo bolivariano. Além disso, o trânsito nas fronteiras é intenso e ambos lados dependem desse comércio para manter suas economias estáveis.
No entanto, desde a ascensão do governo de Hugo Chávez, em 1999, e o início da Revolução Bolivariana, as hostilidades entre as administrações chavistas e os governos de caráter conservador colombianos só aumentaram.
Durante a presidência de Chávez, ao menos duas vezes foi decretado o fechamento da fronteira terrestre depois de comprovar a relação do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez (2002-2010) com planos golpistas junto à oposição venezuelana.
Com a eleição de Iván Duque, apadrinhado por Uribe, imediatamente o governo colombiano passa a reconehcer o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e um dos principais promotores da derrubada do governo de Nicolás Maduro.
Edição: Leandro Melito