Na última quinta-feira, 30, foi inaugurado o primeiro mercado iraniano na América Latina. O supermercado Megasis é uma franquia com 700 unidades no território iraniano, vinculadas a representates da Guarda Revolucionária Islâmica. Já na capital da Venezuela, o empreendimento envolve 150 empresários persas e venezuelanos.
São cerca de duas mil mercadorias trazidas pelo barco Golsán, que aportou nas costas venezuelanas em junho. Somados a outros mil produtos do setor privado venezuelano.
Irã é responsável pela produção de uma série de especiarias, entre elas 90% do pistache e açafrão consumidos no mundo.
Foram três meses para preparar o empreendimento, que previu um investimento inicial de US$ 10 milhões (cerca de R$ 55 milhões) e gerou 500 postos de trabalho diretos e indiretos.
"Não existe bloqueio que se valha, quando a vontade dos povos está centrada, concentrada e determinada à independência, liberdade e defesa da soberania. Aqui nos unimos dois países que construímos um mundo distinto, sem supremacismo de nenhum tipo", assegurou a vice-presidenta Delcy Rodríguez durante a inauguração do espaço.
O lado iraniano confirma a disposição."Nós, países sancionados, podemos nos complementar. Venezuela tem muitos produtos que o Irã não tem e também algumas necessidades que podemos abastecer", disse o vice-ministro de Indústrias persa, Issa Rezaei.
Os preços nas prateleiras do supermercado são expressos em bolívares soberanos, moeda nacional venezuelana, ou em dólares.
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Além disso, por conta da pandemia da covid-19, que já infectou 19.443 venezuelanos, a nova unidade é equipada com uma cabine de desinfecção na entrada principal e os clientes também devem manter os distanciamento social no período de compras.
Assédio internacional
Setores de extrema-direita da oposição venezuelana começaram uma campanha, divulgando uma série de fake news que afirmavam que os navios iranianos, tanto aqueles carregados de combustível e materiais para reativar a indústria petrolífera venezuelana, como o último enviado com alimentos, faziam parte de uma infiltração terrorista do Irã na região latino-americano.
"Por acaso esses produtos vieram para assassinar as pessoas ou para alimentar dos venezuelanos?", questionou o embaixador iraniano em Caracas / Chancelaria Venezuela
Em reposta, o embaixador do Irã em Caracas, Hojjatollah Soltani afirmou que com a inauguração, as duas nações "mandaram uma mensagem ao mundo de respeito ao direito internacional, tal como ocorreu com o envio dos cincos barcos iranianos carregados com combustível para a Venezuela".
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O próximo passo será aumentar as parcerias econômicas para ampliar as vendas no atacado, surtindo os pequenos comércios no interior da Venezuela. Segundo as autoridades persas, o Irã está pronto para suprir as necessidades dos venezuelanos.
Cooperação Irã - Venezuela
O Irã é o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, com uma produção de 1,9 milhão de barris diários, de acordo com a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Enquanto a Venezuela possui a maior reserva do combustível fóssil no mundo, com 309 bilhões de barris certificados.
As duas nações mantêm relações diplomáticas há 18 anos, com acordos nas áreas petrolífera, industrial, ambiental, educacional, agrícola e científica.
Em abril, os presidentes Nicolás Maduro e Hassan Rohani acordaram criar uma frente comum contra as sanções, aplicadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, durante a pandemia.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
