O sistema de saúde tem condições de enfrentar um crescimento do número de casos da covid?
O Brasil se encontra no momento adequado para a reabertura das escolas? E se a resposta for positiva, quais são as condições necessárias para garantir a segurança dos profissionais e dos alunos? Para responder a essas questões, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz) elaborou um manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da covid-19.
Para Anakeila Stauffer, diretora da EPSJV/Fiocruz, os dados mostram que as escolas não devem retomar as aulas nesse momento.
Ela defende que, para que ocorra a reabertura das escolas, as tomadas de decisões devem ser tomadas em conjunto com toda a sociedade, incluindo a gestão escolar, os trabalhadores e as famílias dos alunos, pensando a realidade do entorno de cada instituição de ensino.
Nesse sentido, o objetivo do manual também é “disponibilizar informações de fácil acesso para as escolas públicas, destacando que a questão da comunicação entre os mecanismos de transmissão da covid-19, a implementação de boas práticas, que possam ajudar a contribuir para a promoção da saúde e a prevenção dessa doença nas escolas”, afirma Stauffer.
A diretora defende, inclusive, que o sistema de educação tem de ter, necessariamente, interlocução com o sistema de saúde, para criar um ambiente propício para qualquer movimento de reabertura.
“Por exemplo, existem indícios de que a pandemia está controlada? O sistema de saúde tem condições de enfrentar um crescimento do número de casos da covid? E se ressurge então uma segunda onda, como é que a gente se adapta? O sistema de vigilância em saúde pode identificar a maioria de casos com a doença e seus contatos?”, questiona Stauffer.
Ela ressalta que a interlocução entre saúde e educação deve, por exemplo, conseguir rastrear crianças com suspeitas de covid-19 nas turmas escolas e evitar a contaminação de outros alunos.
Escolas particulares começam a reabrir no país
Após quatro meses sem aula devido à pandemia do novo coronavírus, o retorno para algumas séries em escolas particulares do Rio de Janeiro pode ocorrer a partir desta segunda-feira (3). O estado é o quarto com o maior número de casos do país (167.225) e o segundo em quantidade de óbitos (13.572), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), até às 18h deste domingo (2).
Assim como o Rio, o estado do Amazonas também tem autorização para a reabertura das escolas e outros nove estados têm propostas de retorno às aulas, ainda sem data definida segundo o Mapa de Retorno das Atividades Educacionais presencial no Brasil, realizado pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). São eles Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Até às 18h deste domingo (2), o Brasil registrou 2.733.677 casos confirmados, chegando a 94.104 óbitos por covid-19. Nas últimas 24 horas, foram 25.800 mil novos casos e 541 novos óbitos.
Segundo um estudo realizado pelo professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Massad, a retomada das aulas em agosto pode aumentar o número de casos de covid-19 em crianças e elevar a mortalidade. Segundo a pesquisa, o número de novas infecções pode quadruplicar em 15 dias.
Edição: Leandro Melito