O bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga, da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), passou por uma drenagem do pulmão esquerdo e apresenta um quadro estável, apesar de a situação da pneumonia ainda ser considerada grave.
Ele está internado na unidade de tratamento intensivo (UTI) do hospital Santa Casa de Batatais, no interior de São Paulo, para onde foi transferido na noite de terça (4).
Segundo o boletim médico divulgado na noite desta quarta-feira (5), o religioso chegou ao hospital com insuficiência respiratória, mas reagiu bem aos primeiros tratamentos. "Levando em consideração as primeiras 24 horas e a forma como ele reagiu esperamos efetividade dos resultados do tratamento nos próximos quatro ou cinco dias. Esperamos trazer informações mais felizes, quem sabe com a alta dele do hospital", informou o médico Antônio Marcos.
O médico explicou ainda que a drenagem no pulmão esquerdo de Dom Pedro foi necessária em função de um derrame no local. "Conseguimos retirar 600 ml de líquido gerando um conforto respiratório bastante significativo no paciente."
"Os sinais vitais de pressão e frequência cardíaca demonstram, apesar dos seus 92 anos, um vigor cardiológico muito bom", acrescentou.
Referência da Teologia da Libertação, o bispo já realizou três testes para a covid-19, todos com resultado negativo. Um novo teste-rápido foi feito nesta quarta, quando novamente foi descartada a presença do vírus.
Leia também: Artigo | Em busca de cliques, sites e blogs resolveram "matar" Dom Pedro Casaldáliga
Histórico
O religioso foi transferido para a unidade hospitalar de Batatais, a 354 km da capital, na noite da terça-feira (4), após apresentar problemas respiratórios e permanecer uma semana internado no Hospital de São Félix do Araguaia (MT).
Aos 92 anos de idade, Casaldáliga sofre do Mal de Parkinson. Ainda jovem, o bispo foi acometido por uma forte pneumonia que deixou uma sequela permanente no órgão do sistema respiratório, o que torna o quadro ainda mais delicado neste momento.
O estado grave de saúde de Dom Pedro Casaldáliga gera preocupação nacional, principalmente entre organizações religiosas e movimentos populares. Ao longo de toda sua trajetória, dom Pedro sempre esteve ao lado dos trabalhadores do campo, dos indígenas e dos ribeirinhos.
Expoente na luta contra a ditadura militar brasileira, ele é um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da CPT. Denunciou frontalmente o trabalho escravo e a violência do latifúndio contra camponeses e indígenas, principalmente durante os anos de chumbo.
Com a saúde debilitada e mobilidade limitada, Dom Pedro vive sob cuidados de freis agostianos na cidade de São Félix do Araguaia, região marcada por conflitos agrários e onde foi nomeado bispo em 1971.
Edição: Rodrigo Chagas