O ex-cônsul Faustino Torella Ambrosimo, que comandava a sede diplomática venezuelana em Boa Vista, Roraima, faleceu nessa quarta-feira (5) por sequelas da covid-19. Segundo a chancelaria venezuelana, o funcionário teve complicações no funcionamento dos seus rins, ocasionando o óbito.
Ambrosimo retornou ao seu país no dia 24 de junho em estado avançado da doença, depois que teve seu tratamento negado nas unidades de saúde brasileiras, segundo denunciaram as autoridades venezuelanas.
Cônsul venezuelano contrai covid-19 e tem atendimento médico negado no Brasil
Ele havia sido tratado no hospital de campanha de Santa Elena de Uairén, cidade fronteiriça com o Brasil. Há semanas havia conseguido se recuperar do novo coronavírus.
O Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, lamentou a perda. "Depois de uma longa batalha contra a covid-19 e suas sequelas, hoje faleceu o nosso querido camarada Faustino Torrella Ambrosimo, cônsul da Venezuela em Boa Vista, onde se contagiou. Expressamos nosso pesar em nome do presidente Nicolás Maduro a toda sua família."
Lamento informar que luego de una larga batalla contra el #COVID_19 y sus secuelas, hoy ha fallecido nuestro querido camarada Faustino Torella, Cónsul de Venezuela en Boa Vista, donde se contagió. Expresamos nuestro pesar en nombre del Pdte @NicolasMaduro y el abrazo a su familia pic.twitter.com/xJTTrYmOO4
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) August 5, 2020
Situação epidemiológica
A Venezuela atravessa o auge da pandemia, com 21.438 casos confirmados e 187 falecidos. Do total, cerca de 56% dos casos foram recuperados, equivalente a 11.875 pessoas. Além disso, 90% dos doentes são tratados em unidades do sistema público de saúde venezuelano.
Além disso, no mês de julho, também foram incluídos dois medicamentos produzidos em Cuba, que foram efetivos no tratamento de pacientes com covid-19. Jusvinza, um anti-inflamatório, teve eficácia comprovada entre 78 a 92% para reduzir o risco de morte em pacientes em estado grave. Já o novo tipo do Interferón, de aplicação intranasal, evita a replicação do vírus e previne o avanço da doença em casos leves.
Hostilidades diplomáticas
Desde 2019, os diplomatas nomeados pelo presidente Nicolás Maduro sofrem com a hostilidade do Estado brasileiro. Em julho, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a reconhecer Maria Teresa Belandria, nomeada pelo deputado autoproclamado presidente, Juan Guaidó, como embaixadora legítima da Venezuela.
:: Quem é a embaixadora no Brasil nomeada por Juan Guaidó e aceita por Bolsonaro? ::
Em maio, os diplomatas venezuelanos conquistaram na justiça o direito de permanecer no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Em maio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso confirmou a decisão liminar que suspendia a expulsão de 34 diplomatas venezuelanos, nomeados por Maduro, pelo governo brasileiro.
Edição: Rodrigo Durão Coelho