Dom Pedro Casaldáliga segue em observação na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa de Batatais, no interior de São Paulo. Segundo o boletim médico divulgado nesta noite, o quadro do religioso é estável.
“Uma estabilidade clínica: não houve piora no quadro respiratório, apesar de ser considerado um paciente grave. Ainda necessita de uma fração alta de oxigênio através de máscaras. Até o presente momento, não necessita de um suporte invasivo, como entubação”, informou Antônio Marcos, médico que acompanha Casaldáliga na Santa Casa.
Durante o dia, a equipe da Santa Casa avaliou a situação cardíaca do religioso e observou que houve alteração. Segundo Marcos, é compreensível que o paciente apresente diferença cardíaca, por conta “do sofrimento respiratório.”
Referência da Teologia da Libertação, Casaldáliga, que tem 92 anos, sofre do Mal de Parkinson. O religioso tem o pulmão bastante comprometido. Quando jovem, uma forte pneumonia deixou uma sequela permanente no órgão do sistema respiratório.
Trajetória
Nascido em uma aldeia há quilômetros de Barcelona, na Espanha, em 1928, Dom Pedro Casaldáliga Plá é de família camponesa. Desembarcou no Brasil em 1968, em plena ditadura militar, e foi consagrado bispo em 1971, quando lançou a Carta Pastoral por Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social. O texto ficou conhecido nacional e internacionalmente e marcou o perfil do missionário como porta-voz de índios e agricultores.
O bispo também é um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que até hoje atua na defesa de indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores do campo.
Além de sua atuação junto aos pobres e em defesa da democracia, Casaldáliga também se destaca por suas poesias que abordam a urgência da reforma agrária e da luta contra o agronegócio. Confira:
"Por onde passei, plantei a cerca farpada, plantei a queimada.
Por onde passei, plantei a morte matada. Por onde passei, matei a tribo calada,
A roça suada, a terra esperada... Por onde passei, tendo tudo em lei, eu plantei o nada."
Confissão do latinfúndio
Edição: Rodrigo Durão Coelho