Por mês São produzidos, em média, de 40 a 45 toneladas de açúcar mascavo
Você consegue resistir ao açúcar? Embora seja um dos vilões da alimentação — e a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) estabeleça que a quantidade máxima de consumo de açúcar não deva ultrapassar seis colheres de chá por dia — é difícil dizer não para o seu sabor doce.
Mas é importante lembrar que boa parte dos males do alimento está na industrialização e nos processos químicos que passa, por exemplo, o açúcar refinado ou cristal. Por isso, um caminho para reduzir os efeitos negativos que o produto pode causar no organismo e ao mesmo tempo não deixar de aproveitar seu gostinho é procurar inserir na dieta outros tipos de açúcar, como o mascavo.
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Com esse intuito de oferecer uma alternativa sem agrotóxico e mais saudável de alimento, que em Paranacity (PR), a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi) começou a aproveitar os mais de 110 hectares de cana-de-açúcar para produzir o açúcar mascavo orgânico.
Formada desde 1993, a partir do Assentamento Santa Maria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a cooperativa envolve as 22 famílias assentadas todo o processo de produção, comercialização e industrialização do produto.
São cerca de 20 a 25 toneladas de cana-de-açúcar beneficiadas por dia, que produzem por mês uma média de 40 a 45 toneladas de açúcar mascavo, além de produtos como o melado e a cachaça. O agricultor e atual presidente da Copavi, Jacques Tellenz, explica que a diferença entre os tipos do alimento se dá na cana-de-açúcar sem veneno e na forma de produção.
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“O açúcar cristal, refinado é feito uma espécie de melado até uma altitude, ela proporciona uma condição de cristalizado, ele formar aqueles cristais, daí eles passam por um processo químico de limpeza para clarificar e ser o açúcar. O mascavo não acontece isso, ele é simplesmente o caldo de cana que você vai evaporando cozinhando e vai virar uma massa sólida, que chega num ponto que vai virar o açúcar”, explica ele.
Por ser esta versão mais bruta do alimento e não passar por refinamento químico – daí, aliás, a sua cor marrom ou dourada –, o agricultor pontua que o mascavo não é só um adoçante mais um componente com várias vitaminas, porque carrega praticamente 100% dos minerais da cana, o que não acontece com o açúcar cristal ou refinado.
Porque ele não é simplesmente um adoçante, é um componente que tem vários outros minerais.
“O açúcar mascavo não deixa de ser um açúcar, mas a gente já tem frisado em várias vezes, que o açúcar mascavo se caracteriza mais não como um açúcar, mas como um alimento essencial. Porque ele não é simplesmente um adoçante, é um componente que tem vários outros minerais.”
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Para se ter ideia em 100 gramas do mascavo, existem 85 mg de cálcio, 29 mg de magnésio, 22 mg de fósforo e 346 mg de potássio. A mesma quantidade de açúcar refinado conserva cerca de apenas 2 miligramas desses mesmos nutrientes. Claro, que não vale exagerar.
Agroecologia e Cooperativa
Outros elementos do açúcar mascavo produzido pela Copavi é a produção orgânica sem agrotóxicos, abudos químicos, inceticidas, e a agroecologia. Motivo de orgulho de Tellenz.
“Hoje 100% das nossas atividades já são agroecológicas, a gente conseguiu, inclusive, a certificação pela Rede Ecovida. Na nossa propriedade a gente não trabalha com nenhum tipo de agrotóxico nem adubos químicos nada”, conta. Além dos derivados de cana-de-açúcar, a cooperativa também produz leite, iogurte, hortifrúti, biscoitos e pães.
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Quando se fala em agroecologia há um envolvimento de um todo, onde se pensa não só na produção do produto sem o agrotóxico, mas também no meio ambiente, organização e participação das pessoas. Fator propiciado pela forma coletiva de se gerir a cooperativa.
A terra não é dividida em lotes e todas as famílias atuam no quadro social da Copavi desde a produção, industrialização, comercialização até o suporte administrativo. A remuneração está em um sistema de divisão de sobras dos recursos, a partir da participação no trabalho de cada um.Todo mundo sai ganhando de maneira igual e coletiva.
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Para Tellenz esta forma de organização possibilita maior desenvolvimento da agricultura e dos agricultores, assim como outra forma de vida, de ver a sociedade e de ampliação de participação.
“O aspecto da coletividade desse trabalho é uma forma de vida de organização política, social, econômica, que, de fato, altera o jeito da gente pensar viver e ver a sociedade. Possibilita também o aspecto da participação da juventude e da mulher em todas as etapas da organização, seja interna, da parte da produção, da administração. Hoje nós temos jovens e mulheres que estão em todas as instâncias”, declara.
Não à toa, a Copavi distribui os produtos nas ações de solidariedade durante a pandemia da covid-19 e realiza campanha de cestas básicas para doação às comunidades da região.
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Atualmente, o açúcar mascavo e os produtos Copavi são comercializados por meio de parceiros varejistas e atacadistas e também podem ser encontrados nas unidades do Armazém do Campo de todo país.
Para aqueles que ainda resistem aderir o açúcar mascavo, o agricultor paranaense relembra que somos o que comemos e dá uma dica!
“Quando você vai consumir o mascavo tem o aspecto de você se habituar a consumir ele, porque em alguns produtos, tipo o café muitas vezes ela não está acostumada, ela sente uma diferença. Mas é questão de se adaptar e acostumar o paladar e só temos a ganhar em consumir um produto mais integral”, expressa Tellenz.
Edição: Lucas Weber