A Secretaria Estadual de Educação anunciou que as aulas poderão retornar de forma presencial no Paraná em setembro. Em entrevista ao Brasil de Fato, mães que têm filhos na rede pública e privada foram contrárias à volta agora.
“Não há prejuízo em aguardar. O importante é ter segurança,” diz Ângela
A rotina da família da professora de História da rede pública Ângela Alvez Machado é, segundo ela, caótica. “Somos cinco em casa e com uma rotina voltada toda para as aulas. Tivemos de sair emprestando computadores e dispor de mais recursos para melhorar a internet”, diz ela, que mora com o marido e três filhos entre 10 e 17 anos.
A mais velha estuda no Instituto Federal, o de 13 anos na rede particular e, o mais novo, na rede pública. Mesmo com todas as dificuldades, acha precipitado reabrir as escolas. “O Paraná está num pico elevado de casos de Covid-19, e a principal preocupação deveria ser salvar vidas com investimento na saúde e a retomada da economia para que famílias não percam os empregos.”
Para Ângela, “é impossível assegurar que crianças e adolescentes guardem medidas de biossegurança. Sou contra o retorno das aulas até que haja comprovação científica de segurança sanitária para todos os alunos e professores. Não há prejuízo aguardar. O importante é ter segurança.”
“É melhor aguardar do que viver a ausência de um ente querido”, diz Miliandre
Segundo a professora universitária Miliandre Garcia de Souza, mãe de dois filhos que estudam na rede privada, a rotina diária é de trabalho sem interrupção. “Eu e meu marido somos professores universitários e dependemos do trabalho remoto. Trabalhamos três turnos e nos dividimos entre as nossas aulas, a ajuda ao filho menor em suas aulas on-line e as tarefas domésticas.”
Sobre o retorno às aulas, considera uma irresponsabilidade. “Sem vacina, sem número adequado de leitos, de profissionais da saúde e sem política pública voltada à proteção da população, votar às aulas é mais uma irresponsabilidades dos governos,” defende.
Miliandre diz não se sentir segura em levar os filhos à escola. “Já acompanhamos casos de crianças que morreram de Covid-19. Argumentam que o número é menor entre elas, mas se for seu filho?”. Para ela, “é melhor aguardar até que a vacina seja eficiente e a população esteja protegida que viver a ausência de um ente querido.”