Pelo Twitter, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confirmou a solicitação por parte da secretaria de Desenvolvimento Social, que suspende a ação de despejo das famílias e da Escola Eduardo Galeano no acampamento Quilombo Campo Grande, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A ação de despejo em Campo do Meio, sul de Minas Gerais, começou nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (12), mas está temporariamente suspensa. Houve ordem para que as tropas recuem. O acampamento é local de trabalho e moradia para 450 famílias há mais de vinte e três anos.
O MST informou que a Polícia Militar ainda não retirou seus soldados do local, mas diz esperar que isso aconteça de forma pacífica ainda esta noite.
João Pedro Stedile, da coordenação nacional do movimento, também se manifestou no Twitter. “Depois de mobilizar um batalhão inteiro, em tempos de pandemia, com seus cachorros e coquetéis judiciários, felizmente criaram juízo e suspenderam o despejo em Minas. Mais uma vez, nesta pandemia, foi a solidariedade e a humanidade quem venceu os genocidas”.
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Em seu comunicado pelo Twitter, o governador Zema disse ainda que a secretaria de Desenvolvimento Pessoal se disponibiliza para dar suporte técnico aos gestores de assistência social do município.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) rebateu o governador: “Não tem apoio técnico que repare o que você fez com as famílias hoje. A reintegração começou no início da manhã. Está atrasado. Te procurei tem dias, assim como o deputado André Quintão e Rogério Correia e você manteve a violência praticada hoje!”.
Mobilização
O anúncio do governador aconteceu depois de um dia de intensa mobilização virtual, política e de resistência dos acampados na área.
Nas redes sociais, inúmeros parlamentares publicaram vídeos solicitando a suspensão da reintegração de posse, assim como movimentos populares e setores da Igreja Católica. A tag #salvequilombo foi uma das mais comentadas do dia no Twitter. O movimento oraganizou ainda uma petição online e o envio de mensagens ao site do Tribunal de Justiça de MG.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), 66 parlamentares e o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos chegaram a solicitar uma reunião emergencial com Romeu Zema.
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Quarta-feira de resistência
Durante todo o dia, trabalhadores rurais tentaram impedir o avanço da Polícia Militar dentro do acampamento. Além da escola, um barracão coletivo onde moravam três famílias foi despejado. O MST denuncia, ainda, que o endereço do local para onde as famílias deveriam ser encaminhadas não existe.
Outras seis famílias também estavam em risco iminente. Os sem-terra avaliam que a ação é porta de entrada para o desmonte do acampamento Quilombo Campo Grande, que há vinte e três anos é local de trabalho e moradia para centenas de famílias.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Rodrigo Chagas e Rafaella Dotta