As mais de 450 famílias do Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio (MG), amanheceram, nesta quarta-feira (12), sob ameaça de despejo por parte da Polícia Militar (PM) do governador Romeu Zema (Novo). No final da tarde, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais informou que pediu "a suspensão do cumprimento da ordem judicial para reintegração de posse da área, durante a pandemia". Porém, as famílias continuaram alertando que, após o pedido, a PM se mantinha no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
:::: Acampadas há duas décadas, famílias produtoras do Café Guaií sofrem ameaça de despejo ::::
Os trabalhadores e moradores do acampamento Quilombo Campo Grande descreveram o contingente policial como um "um verdadeiro aparato de guerra". Pela manhã, a Escola Popular Eduardo Galeano, instituição de ensino do acampamento sofreu a reintegração de posse. A escola atende crianças, jovens e adultos.
Para tentar impedir o avanço da polícia, os alunos da entidade fizeram uma corrente humana em torno da instituição, mesmo assim a PM avançou sobre o imóvel. Os trabalhadores rurais sem terra denunciam que a ação de despejo executada nesta quarta-feira ultrapassa os limites previstos no processo judicial da reintegração de posse. A PM também tentou despejar casas e plantações do acampamento.
Além da escola, um barracão coletivo onde moravam três famílias também havia sido despejado. O MST denuncia ainda que o endereço do local para onde as famílias deveriam ser encaminhadas não existe. Os trabalhadores rurais sem terra denunciam que a ação é porta de entrada para o desmonte do acampamento Quilombo Campo Grande, que há 23 anos é local de trabalho e moradia para mais de 450 famílias. Para tentar barrar o despejo executado em plena pandemia, movimentos populares, entidades e personalidades, como o ator Gregório Duvivier publicaram postagens em solidariedade aos moradores. Representações da igreja católica também se manifestaram em apoio aos trabalhadores.
O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde também acompanhou a despedida a Dom Pedro Casaldáliga nesta quarta-feira. O corpo de Dom Pedro Casaldáliga foi sepultado no Cemitério Iny, da etnia Karajá, à beira do Rio Araguaia, em São Félix do Araguaia (MT). O religioso havia pedido para ser enterrado no cemitério de vítimas da grilagem de terras nesse estado.
A coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Maria Júlia Gomes Andrade, esteve presente na despedida do bispo, e enviou um relato sobre o momento ao programa.
Confira ainda no jornal os detalhes sobre 56° pedido de impeachment de Jair Bolsonaro, feito, por primeira vez na história, pelo movimento negro. O pedido foi protocolado na manhã desta quarta pela Coalizão Negra por Direitos junto a mais 600 entidades do movimento negro.
Segundo a advogada da Coalizão Negra por Direitos, Sheila de Carvalho, a decisão de pedir o impeachment é pelo crime de irresponsabilidade pelo país ter ultrapassado a marca de 100 mil vidas perdidas na pandemia e também por nenhuma das solicitações anteriores contemplar a pauta racial.
Ouça todos os destaques e o jornal completo no áudio acima.
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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.
Edição: Mauro Ramos