A Polícia Militar (PM) ateou fogo na tarde desta quarta-feira (13) no acampamento Quilombo Campo Grande do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Pela manhã, a PM destruiu a escola da comunidade, que fica em Campo do Meio (MG).
O governador Romeu Zema afirmou na noite de quarta-feira que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social havia encaminhado o pedido de suspensão do despejo à comarca de Campo Gerais, que não teria aceitado o pedido.
Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, a coordenadora nacional do MST, Kelli Mafort, afirma que o governador quer se eximir de responsabilidade sobre a ação, mas que ela é "uma decisão política por parte do governador Romeu Zema, e também uma responsabilidade do presidente do Tribunal de Justiça [Gilson Soares Lemes], e do juiz da Vara Agrária de Minas Gerais [Walter Zwicker Júnior]".
"O que o Zema fez ontem foi plantar uma fake news nas redes sociais pra se safar; pra poder tirar o corpo dele de fora, e colocar a responsabilidade totalmente no Tribunal de Justiça, mas isso é uma mentira porque quem manda na Polícia Militar é o governo do estado. E é lógico que o governo tem que cumprir ordens judiciais, mas nós não estamos em tempos normais, nós estamos numa pandemia, pela qual as pessoas têm que ficar em casa, não se aglomerarem, então despejo na pandemia é crime. Existe uma resolução do Conselho Nacional de Justiça recomendando que não sejam feitos despejos; têm orientação da ONU Habitat, então o que tá acontecendo em Minas Gerais é um grande absurdo", completa a dirigente.
A coordenadora do MST lembra que o acampamento Quilombo Campo Grande está ocupado há mais de duas décadas, e que área estava abandonada pela Usina Ariadnópolis, sem cumprir a função social estipulada pela Constituição: "Essa ação judicial de reintegração de posse não é nova, ela foi dada em 2019. Por que que eles resolveram, em meio a uma pandemia, querer resolver o imbróglio jurídico sobre uma terra ocupada há 23 anos, que estava abandonada e não cumpria sua função social?".
"A principal base das famílias que hoje estão assentadas lá, são de ex-trabalhadores da Usina Ariadnópolis, porque quando ela abriu falência, ela não pagou ninguém; não pagou os credores, não pagou o Estado, mas também não pagou os trabalhadores. Então, quando os próprios trabalhadores ocupam a terra é quase uma reparação, é uma forma de eles cobrarem os direitos trabalhistas deles", explica Mafort.
Ouça a entrevista e o jornal completo no áudio acima.
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Edição: Mauro Ramos