A Apetece Sistema de Alimentação S.A. foi denunciada na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), por ter se recusado a testar trabalhadores terceirizados que atuam no Hospital Heliópolis, na zona sul de São Paulo.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), autor da ação, lamentou o episódio: “uma empresa que assume colocar em risco a vida dos seus trabalhadores, tem que ser impedida de atuar em um hospital”, afirma o parlamentar, que foi ministro da Saúde entre os anos de 2011 e 2014.
A denúncia aconteceu após O Brasil de Fato revelar, nesta quinta-feira (20), que o Hospital Heliópolis, na zona sul de São Paulo, disponibilizou testes de covid-19 para todos os trabalhadores que atuam na unidade. Porém, um áudio obtido pela reportagem revela que a Apetece se recusou a testar os terceirizados, contratados sob sua responsabilidade.
No áudio, a coordenadora da Apetece no Hospital Heliópolis comunica a equipe de terceirizados que eles não serão testados. “O Hospital Heliópolis pediu autorização para a Apetece realizar o exame de covid. Qual seria o exame? O do dedo. Põe a pontinha de sangue e depois de meia hora sai o teste. A empresa não autorizou. Porque se um pegar, ok. Mas se 10 testarem positivo, eu faço o quê? Não tem gente para repor.”
Em nota, a Apetece responsabiliza sua funcionária pela medida. “Não procede a denúncia, pois, ao contrário do que teria sido afirmado pela coordenadora dos trabalhos, a empresa não só estimula os testes como, inclusive, oferece sem ônus para todos os seus funcionários que o queiram, fazer em laboratório por ela contratado.”
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) afirmou que não pode obrigar a empresa terceirizada a autorizar o teste em seus funcionários. Ainda disse que, de sua parte, está realizando todos os procedimentos da maneira correta para testar os funcionários.
“É oferecida testagem a todos os profissionais que atuam no Hospital Heliópolis, incluindo terceirizados. A oportunidade está disponível a todas as empresas, sendo responsabilidade das mesmas responder ao convite. O Hospital segue todos os protocolos de segurança para profissionais e pacientes”, defendeu a pasta.
Outros casos
A empresa já se envolveu anteriormente em escândalos como esse. Em 2017, servidores públicos de São Caetano (SP) reclamaram que larvas foram encontradas na alimentação servida pela Apetece. Na ocasião, a Prefeitura encerrou o contrato com a empresa.
Também em 2017, a empresa se envolveu em um esquema de superfaturamento na venda de merendas para a Prefeitura de Campinas. Na ocasião, a Apetece teria realizado cotações até 93% mais caras do que as encontradas no mercado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho