"Intolerância"

Vice-presidente do Partido Socialista da Zâmbia é solto após prisão ser contestada

O governo do presidente Edgar Lungu alegou que Cosmas Musumali teve “conduta susceptível de perturbar a paz”

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Em nota, o presidente do partido, Fred M'membe afirmou que a acusação não faz sentido legalmente
Em nota, o presidente do partido, Fred M'membe afirmou que a acusação não faz sentido legalmente - Lilian Campelo

O economista Cosmas Musumali, secretário-geral e vice-presidente do Partido Socialista da Zâmbia, foi preso com alguns companheiros da sigla pelo governo do presidente Edgar Lungu, na manhã desta quinta-feira (20), por supostamente "conduta susceptível de perturbar a paz". Horas depois, Musumali e dois companheiros foram soltos. 

Em nota, o presidente do partido, Fred M'membe afirmou que a acusação não faz sentido legalmente. Para ele, o governo de Lungu cometeu um “enorme erro” ao não ver as consequências de sua política “intolerante e injusta”. 

O governo não deve “esquecer que a impunidade é uma hiena que não tem aliados ou amigos”, afirmou M’membe. E continua: “Não devemos apoiar qualquer forma de impunidade, florescer em impunidade, propagar impunidade e fazer crescer impunidade. (...) O governo de Edgar Lungu não existirá para sempre. Governos vêm e vão. Até mesmo este presidente, não importa o que ele faça, não será presidente para sempre”, afirmou em nota.

A articulação continental Alba Movimentos, que reúne organizações populares de diversos países das Américas, também soltou uma nota sobre a prisão de Musumali. Para a organização, o vice-presidente do partidos e seus companheiros foram “violentados no exercício democrático de seus direitos. São vítimas dos abusos do atual governo nas mãos de Edgar Lungu, que empreende uma perseguição sistemática a qualquer forma de oposição”. 

Da mesma maneira, o arcebispo emérito Telesphore Mpundu criticou recentemente o presidente da Zâmbia por sua política “tóxica”, durante um debate em Simamba, na Zâmbia. Na ocasião, ele afirmou que “cidadãos que fazem críticas ou têm opiniões divergentes ao governo são presos e frequentemente detidos por longos períodos sem um julgamentos nas instâncias judiciais”. 

Ainda disse que “a intolerância do governo atingiu um ponto tão perigoso que se não foi barrada pode facilmente levar a um derramamento de sangue. Este país não pode se reivindicar como democracia; é uma ditadura perfeita. Senhoras e senhores, hoje, cresce o medo de dizer a verdade aos poderes políticos constituídos”, concluiu o arcebispo. 
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho