Não satisfeito com a ameaça feita a um jornalista neste domingo (23), ao ser questionado pelos R$ 89 mil repassados por Fabrício Queiroz a Michelle Bolsonaro, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou à carga nesta segunda-feira, ao afirmar que jornalistas teriam mais chances de morrer por covid-19 do que ele, por serem "bundões".
A fala de Bolsonaro foi feita em evento no Palácio do Planalto para defender que o Brasil estaria "vencendo a covid-19" e para fazer apologia ao tratamento com a hidroxicloroquina.
Para falar sobre esses novos ataques do presidente da República aos trabalhadores da imprensa e à liberdade de imprensa, o Jornal Brasil Atual Edição da Tarde, convidou o vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi.
Zocchi afirma que Bolsonaro cometeu "crime de ameaça previsto no Código Penal, artigo 147". O sindicato informou nesta segunda que estuda medidas judiciais cabíveis contra o presidente da República pelo crime. O vice-presidente da Fenaj avaliou que a cobertura da mídia foi menos contundente do que a situação exigia: "a declaração do presidente gerou uma repulsa generalizada, mas uma parte grande da imprensa, minimiza o problema, porque trata como se fosse 'mais uma do Bolsonaro', 'Bolsonaro é assim mesmo, fala sem pensar'; mas veja, é o presidente da República, ele está proferindo uma ameaça de agressão física, quando ele, como servidor público, tem a obrigação de prestar contas".
Os deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ) e Natália Bonavides (PT-RN), tomaram medidas contra a ação de Bolsonaro. Bonavides protocolou denúncia contra o presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo crime de constrangimento ilegal. Pelas recorrentes agressões à liberdade de imprensa, a parlamentar disse que Bolsonaro “é um delinquente contumaz”.
Já Alessandro Molon afirmou que a ameaça de agressão do presidente configura crime contra o exercício de direitos individuais e improbidade administrativa. Ambos são considerados crimes de responsabilidade. A denúncia, em seu caso, será acrescentada ao pedido de impeachment apresentado pelo Psol.
Confira a entrevista e o jornal completos no áudio acima.
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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.
Edição: Mauro Ramos