Disputa

Comunidades indígenas sofrem com o avanço imobiliário em Brasília

Áreas indígenas demarcadas estão situadas dentro de bairro rico do DF; e famílias se sentem sufocadas pelas construções

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Famílias indígenas são sufocadas por obras e construções - Mídia Ninja

Em meio à pandemia, uma obra para inaugurar a principal rua do bairro Noroeste em Brasília, região rica da capital federal onde a renda média por habitante é maior que R$ 6 mil, acendeu o alerta nas populações residentes no território indígena que se encontra cercado pelos prédios de alto padrão. 

Desde a construção do Noroeste, o território considerado sagrado pelos povos originários enfrenta o avanço das imobiliárias dentro de suas terras.

“Isso daqui era uma mata. Conheço aqui desde de 1974 e era tudo muito lindo.O Santxiê (pajé) cuidava com muito carinho e depois que ele faleceu, veio a cacica Tanoné que também cuida com muito carinho. E hoje, aqui se resume em um canteiro de obras com buracos e máquinas", explica a artesã, Airy Gavião.

Em 2018,  foi feito um acordo com as lideranças indígenas, Ministério Público Federal, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), para realocar os povos que ali moram e, assim, liberar mais áreas para a construção de prédios e avenidas.

Para continuar com o projeto de expansão do setor Noroeste, já foram derrubadas mais de mil árvores do cerrado para abrir a principal via da região, a w9, com a cidade cercando o território indígena cada vez mais, os povos originários se sentem invisibilizados pelo Estado e temem as consequência do desmatamento.

“ É muito difícil, porque eles nos veem como um entrave para o crescimento do Brasil. Mas isso não é verdade, pelo contrário, nós tentamos salvar. A nossa resistência tenta não destruir e preservar a natureza, que é a nossa mãe terra, porque é por conta dela que todos nós sobrevivemos. Se não fosse a mãe terra, a natureza, ninguém viveria", comenta Airy.

A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), responsável pela construção da principal avenida na região Noroeste, informou à equipe de reportagem ,por email,que as comunidades do Santuário dos Pajés, Kariri-Xocó e Tekohaw não serão afetadas pelas obras.

Edição: Leandro Melito