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Relações entre Brasil e Venezuela são tema de debate entre diplomatas dos dois países

Chanceler venezuelano e ex-ministros brasileiros discutem relações diplomáticas na pandemia

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Debate online reunirá chanceler venezuelano Jorge Arreaza e ex-ministros de Relações Exteriores, Aloysio Nunes e Celso Amorim, para debater desafios da diplomacia durante pandemia - AFP

Nesta quinta-feira, 27, o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela organiza uma mesa de diálogo entre o chanceler Jorge Arreaza, o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim e o também ex-ministro da pasta e atual senador Aloysio Nunes (PSDB) sobre as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela durante a pandemia da covid19

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A iniciativa surge depois que o ministro Ernesto Araújo negou-se a responder uma carta da chancelaria venezuelana, enviada no dia 7 de agosto, que pedia por cooperação para conter os contágios pelo novo coronavírus.

O governo bolivariano propunha compartilhar "capacidades científicas, testes de diagnóstico, tratamentos, proteção diplomática", no entanto não obtiveram retorno do Palácio do Itamaraty. 

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A Venezuela vive o pico da pandemia, com 41.158 contágios e 343 falecidos pela doença. Enquanto o Brasil possui 3 milhões 717 mil de contaminados e mais de 117 mil mortos, apenas seis meses depois do caso zero

Os dois países compartilham 2.119 km de fronteira, no entanto as diferenças nas medidas de contenção da pandemia são evidentes. O estado Roraima possui a maior taxa de letalidade da covid-19 no país, com 4,5 mil mortes para cada 100 mil habitantes, uma taxa de incidência de 7,76. Já do lado venezuelano, no estado Bolívar, a incidência cai para 0,11, com um total de 1540 até o dia 17 de agosto. 

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Mais de 90 mil venezuelanos regressaram ao país durante a pandemia, 6.516 infectados com o coronavírus,sendo que mil vieram do Brasil. 

Diante desse cenário a Venezuela já havia denunciado o governo de Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU) por negligência nos cuidados sanitários durante o período pandêmico.

Relações abaladas

Desde a ascensão do governo de Jair Bolsonaro, iniciaram as hostilidades na relação bilateral com a Venezuela. Primeiro o presidente passou a reconhecer a embaixadora nomeada pelo deputado Juan Guaidó, como autoridade legítima venezuelana no Brasil. Em seguida, apoiou a ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) contra a Venezuela, sugerindo que o país seria uma ameaça regional. 

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Em fevereiro, autoridades do governo nacional apoiaram a tentativa de entrada forçada de caminhões com ajuda humanitária do território brasileiro para o lado venezuelano. Por esse motivo, as fronteiras terrestres estiveram fechadas durante 75 dias, gerando uma diminuição de 48% nas exportações brasileiras.

Mais tarde, o Itamaraty foi conivente com a tentativa de invasão da embaixada venezuelana em Brasília, por opositores alinhados à Guaidó.

Já em março desse ano, o governo decide fechar todas as sedes diplomáticas na Venezuela e tenta expulsar os funcionários venezuelanos, nomeados pelo presidente Nicolás Maduro. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu uma decisão liminar impedindo o traslado das autoridades bolivarianas durante o período pandêmico. 

Além disso, existem indícios da cooperação do governo Bolsonaro com a tentativa de invasão paramilitar, a chamada Operação Gedeón, ativada em maio.

 

Edição: Leandro Melito