Economia

Na pandemia, seis hotéis foram fechados e 20 mil empregos do setor, suspensos no Rio

Turismo é responsável por importante fração da economia do estado; atividade é uma das mais afetadas pela crise

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Setor do turismo segue com crescimento lento na capital fluminense - Fabio Motta/ AFP

Um dos setores mais afetados pela crise causada pelo coronavírus é o turismo. A cidade do Rio de Janeiro é segundo principal destino de turistas no Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo. De acordo com o Anuário Estatístico de Turismo 2020, no ano passado a capital fluminense recebeu mais de 1,2 milhão de viajantes internacionais.

O setor é responsável por uma importante fração da economia e empregos do estado do Rio e o impacto sofrido em cinco meses de pandemia já pode ser visto em hotéis que sucumbiram à covid-19.

Joana de Oliveira, de 34 anos, é uma das profissionais do setor afetada diretamente pela crise. Até o mês de março, Oliveira atuava no Porto do Rio de Janeiro na recepção de turistas que chegavam em cruzeiros. Com o início da pandemia, as atividades foram encerradas antes do previsto e o contrato da turismóloga, que iria até abril, foi rescindido antes do prazo. De lá para cá, a saída encontrada por ela para driblar a dificuldade financeira foi a mudança de ramo profissional.

“No inicio eu ainda tinha esperança, continuei colocando currículo, na parte de hotelaria, trabalho que eu atuei por mais tempo, eu vi que não iriam contratar. Estou trabalhando junto com a minha mãe, ela é corretora de plano de saúde. É onde eu consigo ter alguma renda nesses meses. Foi a primeira vez que tive que deslocar de área”, explica. 

Retomada 

A expectativa de Oliveira para 2020 não é promissora, assim como os números apresentados pelo setor de hotelaria. Segundo o Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (Hotéis Rio), desde o início da pandemia, seis hotéis já fecharam as portas em definitivo na cidade. A hotelaria carioca acumulou um prejuízo estimado em R$ 850 milhões e cerca de 20 mil empregos diretos estão suspensos.

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O estudo integra o Índice de Performance da Hotelaria do Rio de Janeiro (IPH-RJ) e revela ainda que a maioria dos empreendimentos apurados, 51,43%, não trabalha com previsão de data para retorno das atividades. Cerca de 70 estabelecimentos de hospedagem, entre hotéis, hostels e albergues, estão com operações temporariamente suspensas na capital. 

Adriana, nome fictício de uma profissional que prefere não ter o nome divulgado, atua há mais de 10 anos no ramo de hotelaria como gestora de recepção. Ao Brasil de Fato, ela revelou que o hotel em que trabalha na capital fluminense segue sem previsão para a reabertura e que devido a crise causada pela pandemia, a opção da empresa foi suspender os funcionários que estão em casa recebendo metade do salário.

“O quadro de funcionários foi preservado, mas fomos suspensos. Estamos com redução de salário a partir do contrato que temos com o sindicato. A decisão de fechar temporariamente as atividades foi tomada em abril, seguimos sem previsão de retorno porque a ocupação na cidade não está reagindo”, conta a gerente que atua principalmente no ramo de eventos corporativos.

De acordo com o levantamento do Hotéis Rio, a taxa de ocupação vem apresentando crescimento lento, atualmente na faixa dos 25 a 30%, e o setor estima que a recuperação para o patamar anterior à crise possa demorar até quatro anos.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse