Em defesa da ciência

Transmissão ao vivo nesta terça discute ética médica e prescrição da cloroquina

Falta de posição do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira é questionada

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Garoto propaganda: Bolsonaro defende o remédio sem comprovação científica. - Mateus Bonomi/ AFP

Nesta terça-feira (01), profissionais da área de saúde se reúnem em uma transmissão ao vivo para debater as recomendações de tratamentos sem comprovação científica contra o coronavírus. O evento é organizado pela A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMP) e pela Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD) e tem como tema central "Cloroquina: Por que não é ético divulgar o uso para a Covid-19?"

Em abril, Anvisa alertou Bolsonaro que cloroquina não deveria ser usada contra covid.

As duas organizações questionam a falta de posicionamento por parte do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB) em relação ao tema. O uso da cloroquina é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo federal incluiu o medicamento entre os usados no combate ao vírus. No entanto, nenhum estudo atesta a eficácia da substância no mundo todo.

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Na semana passada, o presidente reuniu cerca de 100 profissionais da saúde em um evento no Palácio do Planalto parar defender que cabe aos médicos escolher o que prescrever, mesmo que a ciência não endosse a escolha. Segundo Bolsonaro a decisão de médicos que recomendam a cloroquina salvou vidas. O Brasil é o segundo país com maior número absoluto de óbitos pela covid-19 no mundo todo. 

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Na ocasião, ele disse que passou a defender o medicamento após "começar a estudar o negócio", se referindo à pandemia do coronavírus. "A decisão é do médico, pô! E assim como se muda de médico, eu mudei de ministro.". Tanto a ABMMD como a RNMP cobram posicionamento das duas maiores entidades médicas do país.

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Em nota sobre a transmissão desta terça-feira, as organizações afirmam  "O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB), que deveriam defender uma prática médica baseada em evidências científicas, realizam um desserviço à categoria e à população ao calar-se diante dos crimes de Bolsonaro e ao colaborarem com a divulgação do uso da Cloroquina e de outras terapêuticas duvidosas."

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O texto relembra que, segundo o Código de Ética Médica, os profissionais são proibidos de "divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico." Além disso, não podem tratar sobre tratamentos não reconhecidos por órgão competente fora do meio científico.

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A transmissão terá participação do médico de família e comunidade, Aristóteles Cardona (RNMP) e da infectologista e diretora do Instituto Couto Maia, Ceuci Nunes (ABMMD). Com espaço para participação do público, o evento começa às 17h e pode ser acompanhando na página do Facebook do Brasil de Fato ou no canal do Youtube da RNMP.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho