EDUCAÇÃO

Educadores de 142 escolas da rede estadual do RS já foram contaminados pela covid-19

Governo deve apresentar, hoje (1º), o plano de retomada das aulas presenciais ainda em setembro

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Para educadores, dados reiteram a posição de que qualquer calendário de retomada apresentado no atual estágio é precipitado - Reprodução

Pelo menos 142 escolas da rede pública estadual do Rio Grande do Sul já tiveram educadores contaminados pela covid-19, aponta pesquisa realizada pelo Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do RS (CPERS Sindicato). O resultado, divulgado nesta terça-feira (1), parte de uma análise consolidada pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) e corresponde a 16,2% do total de escolas que responderam à pesquisa.

Se extrapolado para o universo de escolas existentes, é possível estimar um número de contaminados de duas a três vezes mais elevado. As instituições participantes do levantamento estão distribuídas em 76 municípios, o equivalente a 27% das cidades representadas na pesquisa.

Ainda nesta terça-feira, o governo gaúcho deve confirmar um novo cronograma de retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Sul. Após reunião com a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado (TCE), ficou decidido que a retomada começa pela educação infantil. Segundo a Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios, o plano é retomar de aulas presenciais em setembro, de forma escalonada, concluindo o processo em novembro.

Com a pesquisa realizada entre os educadores, foi possível captar quais as medidas tomadas pelo governo do estado, por meio da Coordenadoria Regional de Educação (CREs), após a confirmação dos casos. Em 75,5% das situações, a mantenedora não providenciou a pronta higienização do espaço escolar. Em 49% dos casos, a CRE alterou o regime de trabalho, encerrando os plantões presenciais ou reduzindo períodos. De acordo com a pesquisa, em 8,3% das vezes, o profissional diagnosticado não foi sequer afastado de imediato.

Mesmo com as aulas presenciais suspensas, 69% dos educadores que responderam à pesquisa informaram que têm ido às escolas para realizar plantões de atendimento à comunidade, entregar ou receber trabalhos e realizar tarefas administrativas.

Na primeira etapa da pesquisa, a consulta havia captado que 67% dos respondentes se sentem ameaçados ou em risco quando precisam frequentar o ambiente escolar. Apenas 12% afirmaram não ter medo e 21% disseram que não vão à escola ou não sabem responder. A pesquisa também coletou informações sobre as aulas remotas e as condições de acesso. Este conjunto de dados será divulgado pelo CPERS ainda nesta semana.

Grupo de risco e exposição à pandemia

Os dados consolidados também revelam a alta prevalência de educadores que fazem parte do grupo de risco da covid-19, assim como a continuidade do problema de falta de profissionais, de acordo com a pergunta destinada a diretores e vice-diretores.

Governo e educadores divergem sobre retorno

Em nota divulgando os resultados, o sindicato destaca que os dados reiteram a posição de que “qualquer calendário de retomada apresentado no atual estágio é precipitado. É preciso lidar com a pandemia primeiro e, só então, debater um retorno às aulas seguro”.

Na avaliação do CPERS, “(o governador) Eduardo Leite (PSDB) sequer foi capaz de fornecer EPIs adequados para as escolas estaduais que operam em regime de plantão para entregar atividades e realizar tarefas administrativas, levando à ocorrência de casos na comunidade escolar apesar da exposição reduzida”. Devido a situação crítica da pandemia, que não apresenta uma redução expressiva da curva, o Conselho Geral do CPERS aprovou, em 28 de agosto, a exigência de vacinação em massa para o retorno às aulas.

Confira o resumo do resultado da pesquisa

- 44% dos trabalhadores(as) responderam que pertencem ao grupo de risco. Entre os funcionários(as) de escola, que se aposentam mais tarde do que o Magistério, a proporção chega a 55%;

- 96% das direções escolares apontaram que sua escola possui profissionais pertencentes ao grupo de risco;

- 54% das direções indicaram que ao menos 1/5 do quadro funcional da escola pertence ao grupo de risco. 22,4% informam que o percentual é de mais de 40%;

- 57% dos funcionários(as) de escola afirmam que faltam materiais de limpeza suficientes para realizar a desinfecção dos espaços;

- Em 71% das instituições, não são fornecidas máscara com a frequência necessária para todos os trabalhadores(as) no período de plantão;

- 70% dos respondentes indicaram que a escola não tem espaço físico adequado para atender alunos mantendo o distanciamento social e em ambientes arejados;

- 81% das direções declararam que a escola não tem número adequado de profissionais de limpeza para realizar a higienização necessária quando há atividades presenciais.

- 40,5% das direções informaram que faltam professores(as) no quadro da sua escola;

- 58,7% das direções informaram que faltam funcionários(as) no quadro da sua escola;

- 54,8% das direções informaram que faltam especialistas e/ou orientadores(as) no quadro da sua escola.

* Com informações do CPERS Sindicato

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira