Ciência

Receitar cloroquina fere a ética médica em pelo menos três pontos; saiba quais

Em debate, entidades ressaltam falta de evidências científicas e desrespeito ao código de conduta da categoria

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Não há nenhum estudo que comprove eficiência da cloroquina no tratamento da covid-19 - Cap R1 Ronald/Divulgação

A recomendação da cloroquina em consultórios para pacientes infectados pelo coronavírus está em desacordo com o código de ética da medicina.

Em transmissão virtual sobre tratamentos sem comprovação científica contra a covid-19, realizada pelo Brasil de Fato, o assunto foi debatido pela Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMP) e pela Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD).

Segundo representantes desses coletivos, a prescrição do medicamento, que não tem respaldo da ciência no combate ao vírus, fere pelo menos três pontos do manual de conduta da categoria.

Em abril, Anvisa alertou Bolsonaro que cloroquina não deveria ser usada contra covid 

Informação falsa

O conjunto de regras determina que médicos são proibidos de divulgar informação sobre assunto da área de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico.

Tratamento não reconhecido

O texto também afirma que os profissionais não podem comentar sobre tratamentos não reconhecidos por órgão competente fora do meio científico.

Interesses políticos

Além disso, o código afirma que o médico não pode permitir que interesses políticos influenciem o tratamento.

Sobra cloroquina, faltam anestésicos 

Somam-se ao código de conduta da categoria, princípios bioéticos que norteiam o trabalho de profissionais da saúde desde a década de 1940.

A beneficência, garantia científica de que o tratamento trará benefício ao paciente; a não-maleficência; a justiça e a equidade, pelos quais profissionais da saúde devem atuar com imparcialidade, evitando que aspectos sociais, religiosos e financeiros interfiram na relação médico-paciente, por exemplo. 

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Recomendações

As recomendações de organizações do Brasil e do mundo contra o uso da cloroquina também colocam em dúvida a postura de médicos que recomendam a medicação.

Não há nenhum estudo que comprove eficiência da substância no tratamento da covid-19. Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tirou o produto das pesquisas sobre a covid, após evidências de que, além de não trazer benefícios, ele podia fazer mal para os pacientes.

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No Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologia divulgou uma nota técnica em que alertava ser urgente e necessário que a hidroxicloroquina fosse abandona  em qualquer tipo de tratamento contra a covid-19. Na mesma linha, atuaram a Sociedade Brasileiras de Pneumologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira. 

O debate trouxe também análises sobre a necessidade de valorização do Sistema Único de Saúde e de sua atuação frente à pandemia, assim como discussões sobre as responsabilidades do governo federal no crescimento dos números. Assistia na íntegra:

 

 

Edição: Leandro Melito