A recomendação da cloroquina em consultórios para pacientes infectados pelo coronavírus está em desacordo com o código de ética da medicina.
Em transmissão virtual sobre tratamentos sem comprovação científica contra a covid-19, realizada pelo Brasil de Fato, o assunto foi debatido pela Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMP) e pela Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD).
Segundo representantes desses coletivos, a prescrição do medicamento, que não tem respaldo da ciência no combate ao vírus, fere pelo menos três pontos do manual de conduta da categoria.
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Informação falsa
O conjunto de regras determina que médicos são proibidos de divulgar informação sobre assunto da área de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico.
Tratamento não reconhecido
O texto também afirma que os profissionais não podem comentar sobre tratamentos não reconhecidos por órgão competente fora do meio científico.
Interesses políticos
Além disso, o código afirma que o médico não pode permitir que interesses políticos influenciem o tratamento.
Sobra cloroquina, faltam anestésicos
Somam-se ao código de conduta da categoria, princípios bioéticos que norteiam o trabalho de profissionais da saúde desde a década de 1940.
A beneficência, garantia científica de que o tratamento trará benefício ao paciente; a não-maleficência; a justiça e a equidade, pelos quais profissionais da saúde devem atuar com imparcialidade, evitando que aspectos sociais, religiosos e financeiros interfiram na relação médico-paciente, por exemplo.
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Recomendações
As recomendações de organizações do Brasil e do mundo contra o uso da cloroquina também colocam em dúvida a postura de médicos que recomendam a medicação.
Não há nenhum estudo que comprove eficiência da substância no tratamento da covid-19. Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tirou o produto das pesquisas sobre a covid, após evidências de que, além de não trazer benefícios, ele podia fazer mal para os pacientes.
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No Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologia divulgou uma nota técnica em que alertava ser urgente e necessário que a hidroxicloroquina fosse abandona em qualquer tipo de tratamento contra a covid-19. Na mesma linha, atuaram a Sociedade Brasileiras de Pneumologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
O debate trouxe também análises sobre a necessidade de valorização do Sistema Único de Saúde e de sua atuação frente à pandemia, assim como discussões sobre as responsabilidades do governo federal no crescimento dos números. Assistia na íntegra:
Edição: Leandro Melito