No mesmo dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 4 milhões de infectados pela covid-19, o presidente da república Jair Bolsonaro disse que a estratégia de seu governo no combate à pandemia "acabou dando certo". A afirmação foi feita durante um evento de apresentação do projeto de construção de uma ponte no município paulista de Eldorado.
Bolsonaro disse ainda que se considera um chefe de estado ímpar nas políticas de combate à pandemia. "Desde o começo eu assumi uma posição ímpar não só dentro do Brasil, mas como chefe de Estado no mundo todo. Não vi um chefe de estado tomar uma decisão como a minha.", disse ele.
O presidente se referia à defesa do uso da cloroquina para tratamento da covid-19. O medicamento não tem comprovação científica contra o coronavírus e a Organização Mundial da Saúde descontinuou estudos sobre a substância, após análises de que poderia agravar o estado de alguns pacientes. "Estudei a hidroxicloroquina.", disse Bolsonaro. Sob determinação presidencial, o Ministério da Saúde incluiu o remédio no protocolo de tratamento da doença em maio.
No entanto, não houve registro de queda nas mortes e no número de infectados após adoção oficial do medicamento no tratamento. Pelo contrário, foi justamente a partir do mês de maio que o Brasil começou a registrar mais de 6 mil óbitos por semana, com picos que chegaram a superar 7 mil e 700. Em junho o número de contaminados a cada sete dias passou de 200 mil e seguiu avançando.
Ainda no discurso Bolsonaro enumerou outros pontos que, na opinião dele, mostram que sua estratégia de combate à covid deu certo. Ele citou recursos a estados e municípios; o programa de socorro a pequenas e médias empresas, que esbarrou na falta de interesse dos bancos privados em conceder crédito sem garantias em um momento de crise e o auxílio emergencial, que pela proposta inicial do governo seria de R$ 200, mas foi ampliado no Congresso devido à pressão da oposição.
O Brasil é a segunda nação do mundo todo com maior números de contaminados e mortos pela doença. Junto com os Estados Unidos e Índia, os países têm mais de metade dos registros globais.
Quatro milhões
De acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 4.040.163 pessoas foram contaminadas pelo coronavírus no Brasil até esta quinta-feira (03). Desde a quarta-feira (02) foram oficializados 42.298 novos casos. Ainda segundo os números do Conass, o total de óbitos no Brasil por causa do coronavírus chega a 124.651. Entre quarta (2) e quinta-feira (3), 871 novos casos fatais foram confirmados.
Foram necessários 114 dias desde o primeiro caso até que o país registrasse um milhão de pacientes, no dia 19 de junho. Menos de um mês depois, em 16 de julho, o número de infectados já chegava a dois milhões. A marca dos três milhões foi alcançada 25 dias mais tarde, em 09 de agosto. O país alcança quatro milhões de infectados também apenas 25 dias depois da marca anterior. O crescimento da infecção está quase cinco vezes mais rápido do que o registrado até junho.
O que é o novo coronavírus?
Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.
Como ajudar quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.
Edição: Rodrigo Durão Coelho