A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro rejeitou, nesta quinta-feira (3), por 25 votos a 23, o pedido de abertura de processo de impeachment contra o prefeito da capital, Marcello Crivella (Republicanos). A sessão híbrida - com alguns vereadores em Plenário e outros em participação online - analisou o pedido protocolado pela deputada estadual Renata Souza (Psol).
A ação contra o prefeito teve como base a denúncia do uso de servidores municipais comissionados para impedir o trabalho de jornalistas em unidades de saúde da capital. Na última terça-feira (1º), o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) abriu investigação para apurar atos de improbidade administrativa cometidos por agentes públicos.
Leia mais: "Guardiões do Crivella" custaram quase R$ 1 milhão por ano aos cofres públicos
Defensor do prefeito na Câmara Municipal em pedidos de processo de impeachment anteriores, o ex-secretário municipal da Casa Civil, vereador Paulo Messina (MDB), disse que decidiu deixar a Prefeitura e "deu um basta" quando percebeu que "o governo Crivella virou uma milícia paga com o dinheiro do povo".
"Eu sinto vergonha! Não reconheço esse governo que ajudei por um ano. A única coisa que me consola nesse evento trágico é que eu dei um basta nessa loucura que já havia começado na eleição de 2018. Quanto mais perto da eleição, mais ensandecidos ficam, perderam o limite e a noção da realidade e venderam a cidade e os princípios pelo dinheiro e pelo poder", atacou o ex-aliado Messina.
Vereador pertencente ao partido responsável por protocolar o pedido de impeachment, Tarcísio Motta (Psol) disse, durante a sessão, que a denúncia não é pontual porque o ato "não foge à lógica de uma gestão incompetente, pequena, violenta e incapaz". Tarcísio apontou crime por desvio de finalidade e disse que o prefeito "paga capangas com dinheiro público".
"É uma gestão sem projeto. E quem paga por isso é o povo, paga com mortes nos hospitais, com gente morrendo em enchentes, com escolas ruins e transporte público inseguro. Está muito claro: pagar capangas com dinheiro público para atrapalhar a imprensa é desvio de finalidade", apontou o vereador do Psol.
O vereador Leonel Brizola (Psol) também foi contundente nas críticas e disse que o prefeito do Rio faz parte da "boiada" que atende ao mando do Bispo Edir Macedo. "Macedo é dono de igreja, de partido político, de rádio e televisão e até de banco. Nunca em nossa história corremos um risco, como hoje, de termos uma teocracia do dinheiro e da milícia", atacou o parlamentar.
Leia também: "Guardiões do Crivella" motiva novo pedido de impeachment contra prefeito do Rio
Segundo o vereador Jairinho (SDD), a oposição tenta ganhar a eleição no "tapetão". O parlamentar disse que não haveria a necessidade de pedido de abertura de processo na Câmara com autoria da "menina que é candidata do Psol", já que o Ministério Público está investigando o fato e foi protocolado na Casa o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Aliado do prefeito, o vereador Marcello Siciliano (Progressistas) disse que Crivella não pode ser culpado porque "o homem tá trabalhando". A versão do parlamentar é que o servidor apontado como líder do esquema dos "Guardiões do Crivella" é "um cara com inciativa pessoal que vai atrás de uma pessoa e toma uma atitude irresponsável".
"Não estou aqui para defender A, B ou C, mas isso é um factoide antecipado para fazer política, e não para fazer justiça. Todo mundo tem que refletir, o delegado ainda está chamando as pessoas para serem ouvidas e já estamos aqui votando impeachment? E a culpa ainda vai cair na conta do homem que está lá trabalhando?", disse Siciliano, em referência ao prefeito.
O servidor que vem sendo apontado como líder do esquema é Marcos Luciano, conhecido como "ML", e tem cargo especial com salário de R$ 18.513,78 no município. ML foi missionário ao lado de Crivella e é assessor especial do gabinete do chefe do Executivo municipal.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse