BUROCRACIA

PB: Artistas negros criam Fórum para reivindicar o acesso à Lei Aldir Blanc

Integrantes do Fórum apontam que mecanismos de burocracia e regulamentação barram quem mais precisa do auxílio

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Fernanda Ferreira - Foto: Carine fiuza / Tais vidal

A partir da necessidade de reivindicar o acesso à Lei Aldir Blanc de forma democrática e antirracista, a comunidade artística negra da Paraíba consolidou a criação do Fórum de Artistas Pretas e Pretos na Paraíba, na última quarta-feira (2). O Fórum é uma articulação local auto-organizada, composta por artistas e trabalhadores da cultura que se autodeclaram pretos ou pardos.

“A própria estrutura de estado e de sociedade faz com que, mesmo com o auxílio emergencial vindo para atender às camadas mais pobres da população, os mecanismos de burocracia e de regulamentação costumam barrar as pessoas que realmente necessitam, e a gente sabe que essas pessoas são as pretas, pobres e periféricas”, explica Fernanda Ferreira, mulher preta, atriz, arte-educadora e integrante da comissão de representação do Fórum de Artistas Pretes na Paraíba.

O Fórum criado na Paraíba é uma articulação nacional dos movimentos de negras e negros do Brasil que vêm se mobilizando para o lançamento da campanha 'Cotas na Lei Aldir Blanc'. Cada estado já consolidou ou está em processo de criação dos seus fóruns negros de cultura, com o objetivo de fortalecer a campanha que será lançada, nesta sexta-feira (4), na live ‘Ato pela Democratização dos 3 bilhões de reais - exigimos 54%’, com realização do Comitê Nordeste em Defesa de Cotas e Ações Afirmativas na Lei Aldir Blanc. A atividade será transmitida pelo facebook.com/midianinja, com a presença de artistas e trabalhadores da cultura de vários estados do Nordeste. 


Fernanda Ferreira / Foto: Instagram

Expressões culturais da população negra com dificuldades no cadastramento

Fernanda alega que o acesso ao cadastro tem sido dificultado. “Por exemplo, o movimento hip-hop não está conseguindo se inserir dentro das exigências da lei, assim como o movimento de Capoeira. A partir do momento da regularização dos trâmites legais da lei pelos órgãos públicos do estado e do município, os pretos e as pretas, povo da periferia, povo pobre, comunidades e grupos de matriz africana, foram ficando de fora porque não estão atendendo às exigências burocráticas construídas de cima para baixo, pelos órgãos. Isso nos motivou a se organizar e se mobilizar para reivindicar uma democratização do acesso a esse recurso”, afirma ela.

Felipe Santos, do Movimento do Espírito Lilás e da Comissão do Fórum de Artistas Pretas e Pretos na Paraíba, destaca que, na pandemia, os artistas negros foram os mais prejudicados: “O Fórum surgiu no contexto de pandemia porque a classe artística foi a primeira a parar e, com certeza, será a última a voltar às suas atividades normais. Isso afetou diretamente a produção da população negra. No geral, os índices mostram que a pandemia afetou muito mais a raça negra, e a nós artistas, do contexto cultural e da produção”, reflete ele.


Felipe Santos/ Foto: Instagram

Movimento Nacional


Divulgação / Card

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Maria Franco