Na disputa pela eleição municipal em São Luís (MA), o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) segue em larga vantagem, com 31,13% dos votos válidos, seguido do deputado estadual Duarte Jr. (Republicanos) com 16,8% e do deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), com 10,06% dos votos, que deixou a candidatura em apoio ao deputado estadual Neto Evangelista (DEM), com 3,61%.
Os dados são da pesquisa do Instituto EMET registrda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e divulgada nesta terça-feira (1).
Os três grupos políticos em destaque compõem a base de apoio do governador Flávio Dino (PCdoB), que em nota encaminhada ao Brasil de Fato pela Secretaria de Comunicação e Assuntos Políticos (Secap) declara que não irá oficializar apoio a nenhum candidato no primeiro turno.
“No 1º turno, eu respeitarei todos os partidos que compõem a base de sustentação ao governo. Penso ser a posição mais adequada neste momento, podendo rever se houver alguma mudança de conjuntura ou 2º turno”, explica.
O historiador Wagner Cabral avalia que não há destaque para uma polarização ideológica entre esquerda e direita há muitos anos na grande ilha, especialmente no cenário conservador de 2020.
“Porque Braide é o primeiro nome? Em primeiro lugar não porque Braide é de direita ou esquerda, não é isso. O que polariza é que a atual gestão do prefeito é péssima, e por conta disso você tem um nome que em 2016 polarizou o descontentamento e conseguiu manter até hoje”.
Braide
Eduardo Braide é advogado e deputado federal pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN). Filho de Antônio Carlos Braide, deputado estadual com cinco reeleições, foi eleito deputado estadual com o apoio político do pai em 2010 e reeleito em 2014.
Candidato a prefeito de São Luís em 2016, ganha força e disputa um acirrado segundo turno contra Edivaldo Holanda Júnior (PDT), que detinha o apoio do governador Flávio Dino.
Apesar da derrota, registra 46,06% dos votos válidos e se alinha ao grande grupo político de Flávio Dino, que o historiador Cabral chama de “consórcio”, que agrega partidos de diversas correntes, mas sob o comando de um síndico. Eleito deputado federal em 2018, em 2020 Braide filia-se ao Podemos, em meio a suspeitas de que pendesse para o campo bolsonarista do PSL.
Na última sexta-feira (28) o candidato anunciou o apoio do PSDB, liderado pelo senador Roberto Rocha, hoje crítico ferrenho de Flávio Dino e elogiado constantemente por Bolsonaro. “Pessoa maravilhosa, excepcional para que pudéssemos desenrolar tudo isso aí e assinar um projeto tratando do acordo para lançamentos de satélites na nossa base de Alcântara”, declarou Bolsonaro em live publicada nas suas redes sociais após viagem com o senador aos Estados Unidos, no final de 2019.
Duarte Júnior
Em segundo lugar, desponta o jovem e também advogado, Duarte Júnior de 33 anos. Ele ganhou destaque durante o governo Flávio Dino à frente do Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão (Procon/MA), a partir de 2015.
Com forte estratégia de comunicação, usa as redes sociais na construção de sua imagem pessoal e em 2018 deixa a presidência do órgão, sendo eleito deputado estadual pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Crítico ao governo Bolsonaro e ao grupo Sarney, fez falas fortes em palanques de atos pró-Haddad (PT) durante as eleições presidenciais.
Em fevereiro de 2020 Duarte Júnior deixou o PCdoB em tom amistoso publicado pelo próprio governador.
Nesta segunda-feira recebi a visita do deputado @DuarteJr_ . Ele me falou sobre seus novos projetos e ideias. Desejo sorte em sua caminhada. pic.twitter.com/6nnqR3nytk
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) February 4, 2020
No mesmo mês, Duarte Júnior filiou-se ao Republicanos, partido do vice-governador Carlos Brandão ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), onde figuram os irmãos Flávio e Carlos Bolsonaro, além do bispo Edir Macedo. Nacionalmente, o partido pode ser uma das escolhas de abrigo ao então presidente Jair Bolsonaro, sem partido desde o fim de 2019.
Entre os apoios políticos declarados oficialmente, estão o da deputada estadual Detinha (PL), que em ato político com a presença do republicano nesta segunda (31), anunciou a desistência de sua pré-candidatura com 2% de votos para unir forças em defesa de Duarte Júnior.
No ato online, esteve presente também o seu marido Josimar de Maranhãozinho, deputado federal e liderança política na região pelo Partido Liberal (PL). Outro apoio oficial vem do Partido Trabalhista Cristão (PTC).
Neto Evangelista
Com a semana marcada por declarações de alianças, destaca-se a saída de Wellington do Curso, até então terceiro colocado e o apoio da família Sarney ao terceiro colocado nas pesquisas, o agropecuarista Neto Evangelista (DEM), filho do ex-deputado estadual João Evangelista Serra (in memorian).
O anúncio foi feito em vídeo publicado pela ex-governadora em um vídeo de 18 segundos nas redes sociais nesta segunda-feira (31). Segundo Roseana, a decisão foi da executiva nacional do partido e ela apenas acatou.
Até 2018 considerado opositor à oligarquia Sarney, Neto Evangelista foi eleito deputado estadual aos 22 anos pelo PSDB, em 2011. Reeleito em 2015, deixa o mandato para ocupar o cargo de Secretário de Desenvolvimento Social do governo Flávio Dino.
Em 2018 deixa o governo e também o partido ao qual era filiado desde os 16 anos, o PSDB. Filia-se ao Democratas (DEM) e é reeleito ao terceiro mandato de deputado estadual. O grupo político de Neto Evangelista agrega os apoios de extrema direita como PSL, além do MDB e do senador Weverton Rocha (PDT).
O levantamento foi feito entre os dias 26 a 30 de agosto e ouviu 1065 eleitores. / Divulgação
Campo de esquerda
O historiador Cabral destaca que, dentro do bloco conservador apresentado, no campo da esquerda destacaria o deputado federal e também advogado Bira do Pindaré, do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Com raízes na Pastoral da Juventude e movimento estudantil, Bira foi militante histórico do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual disputou seu primeiro cargo político partidário e foi candidato a vereador de São Luís, em 1996.
Ainda pelo PT, Bira conquistou o primeiro pleito em 2010 e é eleito deputado estadual. Reeleito pelo PT em 2013, Bira deixa o partido no mesmo ano e filia-se ao PSB, mas deixa o cargo para assumir a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) do governo Flávio Dino. Em 2016 desiste da candidatura à prefeito de São Luís e se une ao projeto político de Edivaldo Holanda Júnior, atual prefeito.
Na pesquisa, Bira apresenta 4,99% dos votos válidos e busca a formação de uma chapa de esquerda, negada até então pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que mantém a pré-candidatura do professor Franklin Douglas, com 0,60% dos votos. Além de Douglas, no campo da esquerda está mantida a pré-candidatura do professor Saulo Arcangeli (PSTU), sem pontuação.
O advogado e deputado federal pelo PCdoB, Rubens Júnior, estagna na oitava posição com 3,27%.
Força de Lula no Maranhão
Sem marcar território entre os nomes pontuados nas pesquisas, o PT ainda não declarou apoio a nenhum candidato, mas Cabral avalia que o anúncio terá força nesse cenário.
“Embora a polarização de esquerda e direita não seja determinante para configurar o cenário, você tem carisma muito grande do Luís Inácio Lula da Silva. O PT, mesmo do ponto de vista eleitoral, sendo um partido irrelevante, tem a seu favor ainda, principalmente, o fato de que o candidato que tiver o apoio do PT terá o nome Lula para apresentar ao eleitoral, e o carisma de Lula para tentar se eleger. Não vamos menosprezar isso, muito pelo contrário”, afirma.
Edição: Leandro Melito