Pandemia

Quilombolas já registraram 4.541 casos e 156 óbitos causados pela covid-19

Organização pressiona governo federal para desenvolver um plano específico para territórios quilombolas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Morre em média um quilombola por dia por casa da doença - Ana Carolina A. Fernandes/Conaq

O boletim epidemiológico do “Observatório da Covid-19 nos Quilombos”, organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq) e o Instituto Socioambiental (ISA) revela que houve, até o momento, 156 óbitos e 4.541 casos de contaminados por coronavírus nos quilombos do Brasil. Isto significa que, desde a primeira morte, dia 11 de abril, cerca de quilombola por dia veio a óbito pelo vírus.

No dia 28 de maio, eram 197 casos confirmados, um aumento de 3.905 em pouco mais de quatro meses no registro de infectados nos territórios quilombolas.

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Além dos contaminados e dos óbitos, o boletim epidemiológico indica que outros 1.214 quilombolas seguem monitorados, sem a confirmação, ainda, de que estão contaminados e outros três óbitos também aguardando confirmação de diagnóstico (Bahia, Minas Gerais e Pará). No Brasil, são quase 125 mil mortes e mais de 4 milhões de pessoas infectadas já registrados.

O levantamento computa o total de óbitos em 16 dos 24 Estados com quilombos certificados e/ou em processo de certificação. Desses, 28% estão no Estado do Pará que também lidera o número de quilombolas contaminados e com suspeita de covid, colocando a região Norte do Brasil como a mais letal diante da proliferação do coronavírus nos territórios quilombolas, com 42% dos casos mapeados pela Conaq em todo o Brasil.

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Seguidos do Pará, onde houve 43 mortes, vem o Rio de Janeiro (38), Amapá (23), Maranhão (12) e Pernambuco (9).

A organização denuncia que os dados da transmissão da doença em territórios quilombolas são sub-notificados, pois muitas secretarias municipais deixam de informar ocorrências entre pessoas quilombolas. Por isso, os números seriam maiores, como analisa o coordenador, Biko Rodrigues.

“É um número muito subestimado, porque o controle está sendo feito pela Conaq e organizações estaduais. A gente está buscando informações, da nossa forma, com campanha, materiais informativos, mas por parte do estado não existe nenhuma ação concreta”, declara.

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O dirigente pontua que a organização está construindo ações judiciais para obrigar o governo federal a construir um plano que possa atender os territórios quilombolas na questão do enfrentamento a covid-19.
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho