O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, está sendo acusado como autor intelectual do assassinato do advogado Monferrier Dorval, que ocorreu no último 28 de agosto. A queixa coletiva é de estudantes da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas (FDCE). Os discentes se juntam a personalidades, organizações sociais e partidos políticos que protestam contra uma série de assassinato e chacinas registrada desde 27 de agosto.
As circunstâncias do assassinato de Dorval geraram questionamentos. De acordo com os manifestantes, o advogado morava na área do Pélerin 5, na capital Porto do Príncipe – a mesma em que reside o presidente Jovenel Moïse – e uma das áreas mais vigiadas do país. Segundo relatos, há policiamento permanente no local e houve barulho de bombas ao mesmo tempo da execução.
O caso Dorval aconteceu poucos dias depois de outros assassinatos que repercutiram no Haiti, além de uma chacina que durou três dias no distrito de Bel-Air, ao norte de Porto do Príncipe. O clima de violência no país é associado a atuação da gangue G9.
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De acordo com a Comissão Nacional de Desarmamento, Desmantelamento e Reintegração (CNDDR), existem hoje 76 gangues armadas no Haiti. Além disso, Jean Rebel Dorcena, um dos gerentes da CNDDR e promotor do processo de legalização e federação da gangue G9, concedeu um comunicado à rádio Magik, no dia 2 de setembro, e afirmou: “Continuo a ter um bom relacionamento com a gangue G9”.
Além da atuação da CNDDR diante das gangues, a atuação da Polícia Nacional também está sendo colocada em xeque, tanto como um braço forte do presidente Jovenel Moïse, como pelas acusações de policiais que fazem parte de gangues.
Denunciantes relatam que as gangues agem sem qualquer intervenção no país. Além disso, manifestações pacíficas são dispersadas com brutalidade. Em declaração, o diretor da Polícia Nacional, Normil Rameau, acusou os policiais do Sindicato dos Polícia do Haiti, de “terroristas”, de serem uma organização criminosa. A direção da polícia continua a derrubar, perseguindo policiais que fazem parte do sindicato da polícia. O mesmo direito não argumenta sobre a gangue G9. E, de acordo com movimentos sociais, alguns policiais trabalham para Jimmy Chérizier, chefe da G9.
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Mais assassinatos
No dia 27 de agosto, o proprietário do supermercado Piyay Makét, localizado perto do Palácio Nacional, foi assassinado em uma emboscada. Segundo testemunhas, vários bandidos em motocicletas cercaram todo o perímetro, para que a vítima não tivesse como escapar do local. No mesmo dia (27), o radialista Frantz Adrien Boni foi morto enquanto voltava para casa. Boni era radialista e autor de programa de críticas humorísticas ao governo, de bastante audiência no rádio. Um dia depois (28), Wilner Bobo, cidadão de Montreal e de origem haitiana também foi assassinado.
Massacre
A chegada da gangue G9 ao distrito de Bel-Air, ao norte da capital do Haiti, Port-au-Prince, no último 31 de agosto, resultou em mais de uma dúzia de vítimas fatais, além de casas e veículos incendiados e pessoas procurando parentes. O massacre durou três dias, diante de relatos de pessoas desaparecidas e corpos sendo jogados no fogo. A operação violenta se espalhou pelos bairros populares de Rue Maillard, Bas Bel-Air e Impasse Candio.
*Da Agência de Imprensa Popular Haitiana - AIPH, com colaboração da Brigada Internacionalista Jean Jaques Dessalines/HAITI.
Edição: Daniel Lamir