Em pronunciamento feito na tarde desta segunda-feira (7) pelas redes sociais, o ex-presidente Lula (PT) reforçou o discurso contrário ao ajuste fiscal e pediu, mais uma vez, o fim da Emenda Constitucional 95, que oficializou a política, em vigor desde 2017. Ele elencou essa entre as diferentes medidas que defende como prioritárias para o atual momento político e econômico do país, marcado pela expansão do coronavírus.
“O essencial hoje é vencer a pandemia, defender a vida e a saúde do povo. É pôr fim a este desgoverno e acabar com o Teto de Gastos, que deixa o Estado brasileiro de joelhos diante do capital financeiro nacional e internacional.”
Lula também assinalou a importância de defender a real independência do Brasil, tema resgatado todos os anos a cada 7 de Setembro, e afirmou que “o maior crime que um país pode cometer contra seu povo é contra a soberania nacional”. Ele mencionou a preocupação com a venda do patrimônio nacional, que chamou de “furor privatista” do governo Bolsonaro.
Conduzida pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, a agenda atual coloca em xeque empresas públicas como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF) e refinarias ligadas à Petrobras, também lembrados por Lula.
O petista também realçou a importância da participação popular nas “grandes escolhas e nas opções fundamentais da sociedade” e destacou o que chama de “pactos de governos com as elites”. A questão toca diretamente medidas como as reformas trabalhista e da Previdência, aprovadas nos últimos no Congresso Nacional sob intensos protestos civis. Para argumentar em defesa das pautas, os governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-) têm utilizado como mantra a crise fiscal.
“Quem vive do próprio trabalho não quer pagar a conta dos acertos políticos feitos no andar de cima. Não apoio, não aceito e não subscrevo qualquer solução que não tenha participação efetiva dos trabalhadores. Não contem comigo pra qualquer acordo em que o povo seja mero coadjuvante”, bradou Lula, destacando ainda que os trabalhadores precisam “pagar impostos proporcionais à sua renda”.
Direitos Humanos
Outro destaque do pronunciamento do ex-presidente foi a defesa do respeito aos Direitos Humanos de toda a população, especialmente as pessoas que pertencem a grupos historicamente mais oprimidos, como as mulheres e a população negra. “Temos que combater com firmeza a violência impune contra as mulheres. Não podemos admitir que um ser humano seja repudiado pelo seu gênero”, sublinhou.
Lula lembrou ainda o estadunidense George Floyd, brutalmente assassinado em maio deste ano por um agente policial em Minneapolis, nos Estados Unidos. O caso deflagrou uma série de protestos populares no país e no mundo, como é o caso do Brasil.
“Desde que vi, naquele terrível vídeo, os 8 minutos e 43 segundos de agonia de George Floyd, não paro de me perguntar quantos Georges Floyds nós tivemos no Brasil. Quantos brasileiros perderam a vida por não serem brancos? Vidas negras importam sim”, bradou o petista.
Ele encerrou o pronunciamento pedindo união para a “reconstrução do país”. “Ainda temos um longo caminho a percorrer juntos. Fiquem firmes porque, juntos, somos fortes. Viveremos e venceremos.”
Edição: Rodrigo Durão Coelho