O fundador do WikiLeaks Julian Assange foi ameaçado de ser retirado do tribunal em que está sendo julgado, nesta terça-feira (8), em Londres, caso se manifeste sem permissão durante o julgamento.
Segundo fontes que acompanham o procedimento, o ativista gritou “tolice” quando o promotor James Lewis, representante do governo dos Estados Unidos, dizia que o ativista está sujeito à extradição por causa da publicação dos nomes de informantes, e não por lidar com documentos vazados.
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A juíza do caso, Vanessa Baraitser, então, alertou a Assange que ele poderia ser retirado do local e julgado sem estar presente, caso siga com as interrupções, mesmo que ouça acusações com as quais não concorde.
"Se você interromper os procedimentos e atrapalhar uma testemunha que está dando seu depoimento devidamente, está aberto a mim continuar sem você em sua ausência", disse a juíza.
É a segunda vez que Assange comparece à Corte desde que seu julgamento foi retomado, na segunda-feira (7), após adiamento de meses em razão da pandemia de coronavírus.
O caso
Julian Assange tornou públicos diversos crimes de guerra cometidos pelo Exército norte-americano nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão. Por isso, pode responder por espionagem e conspiração nos EUA. Ao todo, são 18 acusações, que podem render uma pena de 175 anos ao jornalista. Juristas consideram remota a possibilidade de absolvição de Assange na Corte estadunidense. Por conta disso, o julgamento no Reino Unido passa a ser fundamental.
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Para a defesa de Assange, liderada pelo espanhol Baltazar Garzon, o que está sendo julgado não é o exercício da espionagem, mas a liberdade de imprensa. O jornalista australiano fundou, em 2006, o WikiLeaks, site que ficou conhecido mundialmente em 2010, quando publicou uma série de provas vazadas por Chelsea Manning, analista de inteligência do Exército dos EUA. À época, o conjunto de imagens e documentos escancarou atrocidades cometidas pelos estadunidenses durante as invasões no Iraque e no Afeganistão.
Histórico
Desde 2012, Assange se abrigava, na condição de asilado político, na embaixada do Equador em Londres. Porém, em 11 de abril de 2019, o presidente equatoriano Lenín Moreno surpreendeu o mundo ao revogar o benefício e entregar o australiano às forças policiais britânicas.
Assange procurou a embaixada equatoriana após a Suécia pedir sua extradição em 2012. O jornalista era acusado de ter cometido um estupro no país nórdico. A acusação foi retirada pelo governo sueco em 2017, mas o australiano, com receio de ser enviado aos EUA, se manteve no consulado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho