Dados do Programa Nacional de Imunizações mostram que Brasil não atingiu meta de vacinação indicada para crianças de até um ano pela primeira vez em quase 20 anos. Especialistas alertam que o fato pode representar a volta de doenças tidas como extintas em território nacional.
Segundo o Ministério da Saúde, a meta de vacinação de bebês e crianças, em geral, costuma variar entre 90% para vacinas de tuberculose e rotavírus e 95% para as demais.
No ano passado, no entanto, conforme mostram os dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo jornal Folha de São Paulo, nenhuma das principais vacinas direcionadas às crianças teve sua meta atingida.
Esse resultado se soma a um quadro já preocupante. Os primeiros sinais da queda na vacinação começaram a ser registrados em 2015 e se agravaram em 2017, quando apenas uma vacina atingiu a meta indicada.
Em 2018, mesmo em queda, três das nove principais vacinas indicadas a bebês e crianças até um ano completo atingiram o patamar ideal. Em 2019, porém, nenhuma vacina atingiu a meta entre o grupo.
Para Lúcia Souto, presidenta do CEBES (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde), o movimento antivacina e a precarização da saúde pública devido à Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos da União por 20 anos, podem ajudar a explicar esse fenômeno.
Os dados de 2019 mostram que oito das nove vacinas indicadas a crianças de até um ano tiveram queda na adesão, como a pentavalente, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, e contra poliomielite e tuberculose.
De acordo com Glória Teixeira, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, é preciso olhar esses dados com muita atenção, já que, segundo a especialista, "o programa de imunização do Brasil era considerado um dos mais efetivos do mundo".
Para ela, a piora do quadro de vacinação prejudica não só a saúde e a qualidade de vida da população de um modo geral, como também pode aumentar os números de mortalidade infantil.
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Edição: Mauro Ramos
