Quatro sindicatos de metalúrgicos e a Volkswagen chegaram a uma proposta de acordo, para redução de custos, que será votada nos próximos dias pelos trabalhadores da montadora. No caso do sindicato do ABC, a assembleia na fábrica de São Bernardo do Campo foi marcada para a próxima terça-feira (15), às 14h.
Três semanas atrás, a empresa manifestou intenção de discutir medidas de flexibilização nas quatro fábricas instaladas no Brasil (São Bernardo, São Carlos e Taubaté, no estado de São Paulo, e São José dos Pinhais, no Paraná). De acordo com sindicalistas, o plano incluiria redução de 35% da mão de obra – em torno de 5.200 dos 15 mil funcionários. A proposta negociada prevê garantia de emprego por cinco anos.
Assembleia decide
Essa estabilidade é positiva diante do cenário econômico, avalia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, que é trabalhador na Volks. Mas ele lembra que caberá aos metalúrgicos avaliar o conjunto do que foi discutido. “A proposta garante o emprego e tem suas condicionantes e seus custos, diante do cenário atual. Esperamos uma presença maciça dos companheiros, inclusive dos que estão afastados, em lay-off, home office ou férias, para que possam votar e decidir”, afirmou. A unidade de São Bernardo, a maior das quatro, tem aproximadamente 8.600 empregados.
A proposta inclui abertura de um programa de demissões voluntárias (PDV), com possibilidade de um segundo período. Para este ano, o reajuste deverá ser substituído por um abono de R$ 6 mil, pago juntamente com a segunda parcela de participação nos lucros ou resultados (PLR).
Reajuste e PLR
Em 2021, caso a inflação (INPC) acumulada fique acima de 3,5%, a empresa pagará a diferença. Regra semelhante será adotada no ano seguinte. A inflação só será paga integralmente de 2023 a 2025, sempre no período acumulado em 12 meses, até fevereiro. O valor da PLR será reajustado pelo INPC. Mas pode mudar se o volume de produção superar o limite de 580 mil veículos nas quatro fábricas.
A proposta prevê ainda possibilidade de uso do lay-off, até o limite de 10 meses, com remuneração correspondente a 82,5% do salário líquido. O pagamento do 13º e da PLR será calculado considerando critérios de proporcionalidade.
Na tabela salarial, haverá congelamento da progressão por 12 meses para todos os trabalhadores horistas (ligados à produção). Será implementada uma nova tabela salarial, com valores menores, aplicada para quem for admitido a partir de 2021.
Aposentadoria e doença
Para contratados até 31 de dezembro deste ano, não mudam as cláusulas de estabilidade até a aposentadoria. Já aqueles que forem admitidos a partir do ano que vem, “que vierem a se tornar portadores de doença profissional ou ocupacional, terão garantido seu contrato de trabalho pelo período máximo de 48 meses, contados a partir do retorno ao trabalho decorrente de alta médica”, diz o sindicato do ABC.
A proposta fala ainda em produção “compartilhada” entre as fábricas de São Bernardo e Taubaté. Além disso, “garante a exclusividade na planta Anchieta da produção da Saveiro e de seu sucessor, quando confirmado”.