Nesta quinta-feira (17), as centrais sindicais lançaram, de forma virtual, a campanha #600peloBrasil. A mobilização nacional pede que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), coloque em votação a Medida Provisória (MP) 1000, publicada pelo governo federal no último dia 3 de setembro.
A MP prorroga o auxílio emergencial até dezembro, mas reduz o valor de R$ 600 para R$ 300. Os sindicatos, porém, pedem que o valor atual seja mantido, sob o risco de levar a população mais vulnerável a uma situação de miséria ainda maior.
O governo Bolsonaro, inicialmente contra a implantação do benefício, chegou a cogitar um "voucher" no valor de R$ 200 para a população. No entanto, a pressão dos movimentos sindicais junto aos movimentos populares garantiu a aprovação dos R$ 600.
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Para o presidente Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre, reduzir o valor do auxílio prejudicaria cerca de 54 milhões de pessoas.
"A manutenção dos R$600 até dezembro é fundamental para que a gente mantenha a atividade econômica. Foi o auxílio que movimentou o que a gente teve de produção no nosso país, a medida em que o povo compra e a indústria produz. Ou seja, manteve girando a roda da economia. Então, é muito importante manter os R$ 600. Nós não podemos trabalhar com a lógica Paulo Guedes, financista, porque não foi isso que o mundo fez. Se olharmos para o povo que estão enfrentando bem a crise, todos eles investiram 35% do PIB para proteger o povo".
Nobre pontua ainda que a crise econômica e social só não é mais grave pela injeção do valor disponibilizado para o auxílio emergencial. "Boa parte do dinheiro investido foi usado para compra de comida e alimentos", resume.
Segundo levantamento do Datafolha divulgado em agosto deste ano, 53% dos entrevistados – que receberam o auxílio emergencial –, o usavam para comprar comida; 25% para pagar contas; e 16% para despesas domésticas.
Outras finalidades somam 4% e itens de combate à covid-19, 1%. E quase a metade (44%) dos entrevistados tinham no auxílio emergencial a sua único fonte de renda.
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"Hoje está claro para todo mundo a importância do auxílio e é um crime propor essa redução para R$ 300 com a inflação. R$ 300 não dá conta de comprar uma cesta básica. Assim, a manutenção dos R$ 600 é fundamental", reforça o presidente da CUT.
Para Miguel Torres, presidente da Forç"a Sindical, é indiscutível a necessidade do auxílio para conter a recessão econômica a que estamos sendo submetidos."Se não fosse o auxílio emergencial estaríamos em uma crise muito maior. E nós sabemos que com os R$ 300 que o governo está propondo vai aumentar também a crise e ainda em um momento em que a inflação começa a nos gêneros de primeira necessidade principalmente. De forma que a inflação é muito maior para os trabalhadores, para os mais pobres do que para os ricos".
"O corte [no auxílio emergencial] não garante a aquisição de uma cesta básica em Aracaju, por exemplo, que está em R$ 398. Lembrando que o Bolsonaro liberou um crédito de R$ 320 bilhão para os bancos."", acrescenta Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
O movimento trabalha na coleta de assinaturas para um abaixo assinado pela manutenção dos R$ 600 e também irá pressionar o Congresso pela votação da MP 1000.
"Se tem uma coisa que pandemia deixou clara é a necessidade de um programa de renda básica. Primeiro vamos pressionar pela manutenção dos R$ 600, depois, queremos discutir um programa de renda básica permanente no Brasil", disse Sérgio Nobre (CUT).
Participam do ato a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Intersindical - Central da Classe Trabalhadora (CSP-Conlutas), Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora e Pública Central do Servidor.
Edição: Rodrigo Chagas