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Ministra da Agricultura quer censurar dados sobre risco de alimentos ultraprocessados

Tereza Cristina pediu “ampla revisão” do Guia Alimentar para a População Brasileira

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Os alimentos ultraprocessados são responsáveis pelos primeiros sintomas de inúmeras doenças
Os alimentos ultraprocessados são responsáveis pelos primeiros sintomas de inúmeras doenças - Pixabay

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enviou uma nota técnica ao ministro Eduardo Pazuello, da Saúde, pedindo uma “ampla revisão” do Guia Alimentar para a População Brasileira com foco na retirada de informações contrárias aos ultraprocessados.

“Em relação à diferenciação de ‘alimento ultraprocessado’ por meio da contagem do número de ingredientes (frequentemente cinco ou mais) parece ser algo cômico. As receitas domésticas que utilizam vários ingredientes não podem em hipótese alguma serem rotuladas dessa forma, o que demonstra um evidente ataque sem justificativa à industrialização”, diz trecho de nota obtida pelo O Globo.

Apesar da alegação da ministra, o texto especifica que está tratando de produtos industrializados. “A fabricação de alimentos ultraprocessados, feita em geral por indústrias de grande porte, envolve diversas etapas e técnicas de processamento e muitos ingredientes, incluindo sal, açúcar, óleos e gorduras e substâncias de uso exclusivamente industrial”, afirma o guia.

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Tereza Cristina ainda reclama de trecho do manual que fala sobre a “presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em "preparações culinárias” em alimentos ultraprocessados.

O Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), que ajudou o ministério na elaboração da última versão do Guia Alimentar, em 2014, rebateu as críticas da ministra, que estaria “omitindo dados”, e apontou que organismos técnico como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), “consideram o guia brasileiro um exemplo a ser seguido” e que países como Canadá, França, Uruguai, Peru e Equador “têm seus guias alimentares e suas políticas de alimentação e nutrição inspirados no Brasil”.

“Diante da fragilidade e inconsistência dos argumentos apresentados na Nota Técnica do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e da absurda e desrespeitosa avaliação do Guia Alimentar brasileiro, confiamos que o Ministério da Saúde e a sociedade brasileira saberão responder à altura o que se configura como um descabido ataque à saúde e à segurança alimentar e nutricional do nosso povo”, aponta.

Sob o comando de Tereza Cristina, o governo Bolsonaro tem empreendido uma cruzada em favor da liberação de agrotóxicos. No ano de 2019, o país bateu o recorde na liberação dos produtos: 439, o maior em 10 anos. Mesmo diante da pandemia, o número de substâncias continuou a subir e mais de 118 foram aprovados no período.