Julian Assange recebeu uma oferta de perdão dos Estados Unidos em troca de informações sobre um possível envolvimento russo no vazamento de e-mails do Comitê Nacional Democrata, durante a campanha eleitoral de 2016, segundo a defesa do fundador do WikiLeaks.
A declaração foi dada pela advogada de Assange Jennifer Robinson que fez uma exposição por escrito nesta sexta-feira (18) ao tribunal em que o ativista é julgado, em Londres.
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Ela afirmou ter visto o então senador republicano Dana Rohrabacher, e Charles Johnson, sócio de Trump, fazerem a proposta durante uma reunião em agosto de 2017, na Embaixada do Equador em Londres, onde Assange ficou exilado por sete anos.
Segundo a defesa, Rohrabacher e Johnson disseram que Trump sabia sobre a reunião e aprovou oferecer a Assange o que eles descreveram como uma proposta "ganha-ganha".
"Rohrabacher explicou que queria resolver as especulações em curso sobre o envolvimento da Rússia nos vazamentos do Comitê Nacional Democrata (DNC) para o WikiLeaks", disse Jennifer. "Ele disse que considerava a especulação em andamento como prejudicial às relações entre os EUA e a Rússia, que estava revivendo a velha política da Guerra Fria e que seria do melhor interesse dos EUA se a questão pudesse ser resolvida."
Em troca, os homens ofereceram "alguma forma de perdão, garantia ou acordo que beneficiaria o presidente Trump politicamente e evitaria o incitamento e extradição dos EUA" para Assange, segundo a advogada.
Robinson disse que ela e Assange pediram aos homens que falassem a Trump que ele deveria ser solto exclusivamente em razão da Primeira Emenda, observando que o presidente Barack Obama já havia perdoado a sentença de Chelsea Manning, ex-analista de inteligência do Exército, anteriormente condenada a 35 anos por fornecer informações secretas ao WikiLeaks.
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James Lewis, promotor atuando em defesa do governo dos Estados Unidos, disse que não contestaria as afirmações. "A posição do governo é de não contestar essas coisas. Obviamente, não aceitamos (como) verdade o que foi dito por outros."
Quando as alegações sobre a tentativa de acordo surgiram, no início do ano, a secretária de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, classificou as informações dadas pela defesa de Assange como "absoluta e completamente falsas".
“[Trump] mal conhece Dana Rohrabacher, a não ser por ser um ex-congressista. Ele nunca falou com ele sobre esse assunto ou quase qualquer outro", disse Grisham. "É uma fabricação completa e uma mentira total. Esta é provavelmente outra farsa sem fim e mentira total do DNC [Comitê Nacional Democrata]".
Rohrabacher também nega ter feito a oferta."Em nenhum momento eu ofereci a Julian Assange qualquer coisa do presidente porque eu não tinha falado com o presidente sobre esse assunto", disse Rohrabacher em um comunicado de fevereiro. "No entanto, ao falar com Julian Assange, eu disse a ele que se ele pudesse me fornecer informações e evidências sobre quem realmente lhe deu os e-mails do DNC, eu então chamaria o presidente Trump para perdoá-lo", ponderou.
O senador disse que, ao retornar para Washington, "não teve sucesso em levar esta mensagem ao presidente", mas que "ainda peço que perdoe Julian Assange, que é o verdadeiro denunciante de nosso tempo".
Edição: Rodrigo Durão Coelho