Irmão do Abraham

Arthur Weintraub assume secretaria de Acesso a Direitos da OEA

Advogado irmão do ex-ministro da Educação defende a luta contra o comunismo mundial e diz que Covid é arma política

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Arthur Weintraub posta foto na sede da OEA em suas redes sociais para anunciar o novo cargo - Arquivo pessoal

Por indicação do Brasil, o advogado Arthur Weintraub é o novo secretário de Acesso a Direitos e Equidade da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele assumiu a função, que tem um salário mensal equivalente a mais que R$ 50 mil, no início desta semana, quando foi exonerado do cargo que ocupava no governo Jair Bolsonaro, de assessor especial da Presidência.

Professor de direito previdenciário, o irmão mais novo do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub primeiro ficou conhecido em seu círculo profissional por meio de vídeos de aulas e palestras publicadas na internet em que explica por que não acredita que indígenas possam formar povos e que os chineses não têm como compreender o conceito de Direito.

Mais recentemente, em uma palestra em dezembro do ano passado, explicou a alguém do público como debater com uma pessoa de esquerda: “Quando um comunista ou socialista chegar pra você com um papo fronhonhoim, você pega e manda ele para aquele lugar, xinga, faz o que o professor Olavo [de Carvalho, ideólogo do governo Bolsonaro] fala. Quando você for dialogar com uma pessoa sem integridade intelectual, você não pode ter premissas racionais." Já neste ano, Arthur Weintraub chamou atenção ao defender frequentemente, em suas redes sociais, a tese de que a pandemia do coronavírus é parte de uma "a conspiração globalista" que, paradoxalmente, une “oligopolistas apoiando maciçamente os comunistas”.

Em outra ocasião, na semana passada, já morando nos EUA para exercer o novo cargo na OEA, Arthur Weintraub disse não querer usar máscara na rua porque o objeto é “um broche do Partido Comunista”. À uma transeunte em Washington, explicou por que a covid-19 se trata de uma “praga esquerdista”.

 

 

 

 

 

 

A secretaria-Geral da OEA é atualmente ocupada pelo uruguaio Luis Almagro, que assumiu o posto em 2015, após ter sido chanceler do governo de José Mujica. Para o professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Luciano Wexell Severo, doutor em Economia Política Internacional pela UFRJ, coincide com a chegada de Almagro ao posto um movimento da OEA em direção às políticas e interesses externos dos EUA, em detrimento aos de nações latinas.

A secretaria que Weintraub está assumindo (de Acesso a Direitos e Equidade) é uma das seis que compõem a Secretaria Geral da OEA, com temas como segurança, assuntos jurídicos, finanças e fortalecimento da democracia. Entre suas tarefas está promover a agenda da equidade na região, transformar em leis direitos consagrados dos povos, “tendo a equidade como objetivo, a inclusão social como processo, e a promoção do pleno gozo dos direitos humanos como estratégia”.

Entre suas atribuições, está o planejamento e organização das reuniões de nível técnico e político nos seguintes órgãos:

· Rede de Segurança e Saúde do Consumidor e Sistema Interamericano de Alerta Rápido

· Programa de Ação para a Década das Américas pelos Direitos das Pessoas com Deficiência

· Comitê de Acompanhamento da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas com Deficiência

· Coordenação do Projeto de Inclusão no Haiti, para modernização institucional e promoção dos direitos das pessoas com deficiência

· Grupo de Trabalho sobre os Direitos Humanos das Pessoas Idosas

“O cargo para Arthur Weintraub representa uma radicalização da OEA em favor da política externa dos Estados Unidos e contra os governos latino-americanos que se posicionam de maneira mais autônoma, mais soberana, buscando processos de emancipação nacional e libertação econômica”, explica o professore Wexell Severo, que ressalta que as decisões e posturas da OEA em questões internas de países como Bolívia, Nicarágua, Cuba e Venezuela sofrem crescente influência EUA de 2015 para cá.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho