Um senhor de 71 anos de idade morreu na última semana, após ser atacado por abelhas na área urbana de Petrolina, no sertão de Pernambuco. Além dele, outras nove pessoas tiveram ferimentos. Após esse acontecimento, enxames continuam sendo detectados em diversos pontos da cidade.
Os casos trazem a atenção para o fenômeno da migração das abelhas para a zona urbana e preocupa moradores da cidade, que relatam não entender o porquê do surgimento das abelhas e não saber como agir em determinadas situações que as envolvem.
São abelhas do gênero Apis mellifera, conhecidas como abelhas africanizadas, e são altamente defensivas. Com enxames populosos, com uma média de 60 mil abelhas, essas colônias morrem para defender a própria espécie, ao passo que ao ferroar uma pessoa, a abelha deixa junto com o ferrão parte do intestino e a bolsa de veneno, para garantir que a ameaça seja neutralizada.
Migração para a zona urbana não é por acaso
A professora do colegiado de Zootecnia da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Eva Mônica Sarmento, explica que esse caso não é exclusivo à Petrolina e é atribuído também ao desmatamento.
Essa migração se atribui a falta de diversidade de plantas.
“Elas foram introduzidas no Brasil em 1956, em 1980 chegaram ao Nordeste e logo também nos Estados Unidos. E essa migração se atribui a falta de diversidade de plantas; ao desmatamento que vem acontecendo ao longo dos anos, do qual o homem é o maior culpado”, explica. Para as abelhas, o objetivo é buscar alimento (os recursos florais) para se manterem vivas.
“Elas sempre vão fazer isso. Secou no litoral, elas migram para o sertão. Secou no sertão, elas migram para o litoral e para as outras cidades”, complementa.
A pesquisadora-colaboradora do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), Aline Andrade, ainda complementa lembrando um outro fator que contribui para o fenômeno em Petrolina.
“Estamos dentro de um perímetro irrigado, com floração ao longo do ano, isso também pode atrair as abelhas, já que é um período seco e a caatinga está quase sem flores”, explica.
Para diminuir a incidência de ninhos silvestres em áreas inusitadas e urbanas, é preciso pensar a longo prazo. Andrade afirma que é importante pensar na redução da extinção das áreas naturais e no replantio de árvores nessas áreas, e explica que para além disso, o que pode ser feito é o manejo da situação e a transferência das abelhas para outros locais.
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Precauções
A pesquisadora garante também que esses enxames são temporários e dificilmente apresentam comportamento defensivo, porém traz algumas instruções básicas que constam em alguns protocolos da Defesa Civil caso seja necessário a proteção contra as abelhas:
- Isolar a área e se proteger em um local seguro;
- Acionar o resgate e aguardar o atendimento (que, salvo casos emergenciais, sempre acontece durante a noite, uma vez que as abelhas são animais diurnos);
- Em hipótese alguma tentar fazer intervenções, seja com água, veneno, água sanitária ou qualquer outra coisa. Isso pode irritar as abelhas, que irão se defender. Uma vez que isso acontece é impossível a realização do resgate com abelhas dispersas; Em caso de ataque, cubra a cabeça, a área do pescoço e o rosto (áreas mais sensíveis) e não gritem ou façam barulho. As abelhas são bastante sensíveis à ruídos;
- Oriente crianças a não provocarem as colmeias.
Em Petrolina, o grupo de resgate SOS Abelhas pode ser acionado através do telefone (87) 3867-4774. Em risco de ataque emergencial, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado através do 193 para intervenção imediata. Até o resgate chegar, as dicas mencionadas devem ser seguidas.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Rodrigo Chagas e Vanessa Gonzaga