A crise agravada pela pandemia covid-19 colocou 44% das famílias rurais brasileiras em situação de insegurança alimentar. O preço de itens que formam a base da alimentação do povo brasileiro, como o arroz, disparou e deixou famílias trabalhadoras ainda mais vulneráveis
Mas, longe da lógica do agronegócio exportador, no Ceará, algumas famílias agricultoras conseguiram plantar e colher o arroz este ano. É o caso de João Felix de Sousa, agricultor e morador da comunidade Riacho do Meio, no município de Choró Limão.
É um produto que já não vou mais comprar no mercado, principalmente hoje no valor que está.
Ele explica que plantou arroz durante vários anos, mas que nunca tinha conseguido colher por conta de dificuldades no plantio, mas este ano conseguiu colher uma de 230 kg.
O agricultor diz não ter interesse em vender o que produziu, e que tudo o que colheu será destinado para o consumo da família. Ele conta que está doando sementes para outros agricultores na tentativa de incentivá-los a plantar o grão.
"Era um produto que a gente não tinha e que a gente consome no dia a dia. Com essa produção faz um complemento na questão da segurança alimentar da família e também uma renda a mais, porque é um produto que já não vou mais comprar no mercado, principalmente hoje no valor que está”.
João explica que para as pessoas que ganham um salário mínimo, ou até menos, tudo tem que ser “programado” e que a elevação do preço faz com que as famílias tenham que repensar e até mesmo retirar algumas opções na alimentação.
"As famílias que vivem no campo que produziram bem, até que não vou sentir muito não, mas essas famílias que não tem uma produção boa e com essa alta no preço e essa baixa da pouca renda que recebe, a gente sente que já há uma preocupação das famílias e da gente, né?”
Fonte: BdF Ceará
Edição: Rodrigo Chagas e Monyse Ravena