Dados do Ministério da Saúde sobre internações e mortalidade por síndrome respiratória registram uma situação assustadora no comparativo entre 2019 e 2020. Em todo o ano passado, houve 39.190 internações em hospitais de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma complicação de doenças respiratórias, como a gripe.
Desse total, 4.939 pessoas morreram. Mas até 12 de setembro desse ano, ocorreram 704.194 casos de SRAG, com 184.934 mortes. Um aumento de 1.697% no número de casos e de 3.644% no número de mortes.
Do total de casos de SRAG no ano passado, 17,8% foram causadas pelo vírus influenza, outros 23,9% foram causados por outros vírus respiratórios, principalmente o Vírus Sincicial Respiratório, causador dos resfriados comuns.
Nenhum caso foi causado por coronavírus. Já este ano, apenas 0,3% dos casos de SRAG foi causado pelo vírus influenza e 0,5% foi causado por outros vírus respiratórios. E mais da metade (52,8%) teve diagnóstico confirmado para a covid-19. Outros 33,8% não tiveram o agente causador detectado. E 12,4% ainda estão em investigação.
Os dados dos Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde ainda indicam um grave aumento na mortalidade entre os casos de SRAG esse ano, em comparação com 2019. Do total de casos hospitalizados no ano passado, 12,6% acabaram em morte. Até 12 de setembro deste ano, a mortalidade chegou a 26,3%.
Os dados indicam uma redução do número de casos de SRAG a partir do início de agosto, mas ainda em patamares muito superiores aos registrados no mesmo período do ano passado. Enquanto em agosto de 2019 foram registrados 3.970 casos, no mesmo mês de 2020 foram 122.930. Um aumento de quase 3.000%.
Síndrome respiratória e mortalidade
Os dados são especialmente preocupantes quando se considera a mortalidade de pacientes com síndrome respiratória e com covid-19 internados em unidades de terapia intensiva (UTI). Em todo o país, a taxa de mortalidade dessas pessoas é de 35%, mas chega a 65% em casos que necessitem de ventilação artificial.
Isso significa que a cada 10 pessoas que necessitam de ventilação mecânica, seis acabam morrendo. Os dados são do projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que reúne informações sobre 1.289 unidades de terapia intensiva de 617 hospitais públicos e privados no Brasil.