O psiquiatra Quinton Deeley corroborou à Justiça do Reino Unido, nesta quarta-feira (23), que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, tem alto risco de se suicidar caso seja extraditado para os Estados Unidos.
O médico foi chamado ao julgamento do jornalista australiano como testemunha e seguiu linha parecida com a do também psiquiatra Michael Kopelman, que falou à corte no dia anterior.
Deeley relatou que, após ter feito testes com Assange por duas horas e conversado com ele por outras seis horas, por telefone, constatou que o jornalista tem autismo e síndrome de Asperger, o que pode potencializar instintos suicidas.
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Segundo o médico, Assange apresenta “dificuldade em discutir suas próprias emoções com foco principal em seus próprios pensamentos e interesses”. O médico diz ter notado uma “falha em iniciar ou manter conversas” durante os testes.
Deeley afirmou que Assange estava relutante em contar aos oficiais da prisão sobre seu estado de espírito e sentimentos suicidas por medo de ser isolado e constantemente monitorado. O médico disse que isso o levaria a "ruminar obsessivamente" sobre o suicídio se fosse enviado para os Estados Unidos.
Defensor do governo estadunidense, o promotor James Lewis colocou em xeque o diagnóstico, questionado as qualificações de Deeney e pontuando que o médico só visitou Assange uma vez.
Para desqualificar as afirmações de que Assange tem autismo, o promotor apontou que o jornalista tinha um "programa de bate-papo" na TV, escreveu livros e artigos e fez discursos. Mas Deeley disse que não é incomum para alguém com diagnóstico de autismo ser altamente focado e comunicativo em assuntos sobre os quais tem experiência. Lewis, então, leu notas da prisão, repetindo que Assange fazia "bom contato visual".
Lewis afirmou que isso mostrava que Assange não era autista. Mas Deeley respondeu que essa era apenas uma característica que precisava ser considerada com todas as outras evidências.
No fim da fala, o promotor do governo dos Estados Unidos perguntou a Deeley: "Você está tentando ajudar o tribunal ou defender uma causa?". "Meu dever é para com o tribunal", respondeu Deeley.
Edição: Rodrigo Durão Coelho