Os olhos de perpétuo brilho piscavam uma desilusão com tudo. Essa fora sua motivação para cair no esquecimento por meio da maldade e da mentira deslavada? Ele era um homem bom. Defendia impecavelmente a palavra e isso implicava Liberdade e Igualdade. Mas ele acreditava nisso? De alguma forma sim. Isso estava ligado ao seu objetivo maior de fingir algo para poder seguir com sua vontade real.
Mas qual? Depende. Se ele estivesse em seu lar, em seu cotidiano, era cruelmente dono do destino de seres amados e odiados. Mas se ele estivesse lá fora com o Grupo, ele gostava de brincar da mesma brincadeira da deles, de elevada moral. Ele era essa duplicidade altamente moderna? Não. Havia uma terceira face. Quando ele voltava para o local sagrado, podia realizar sua verdadeira natureza. Seus experimentos com pássaros azuis que tinham esperança. Ali ele queimava suas patinhas. E ouvia a desilusão iluminar sua casa. Ao mesmo tempo, retirava seu próprio cérebro, dando para as gárgulas se alimentarem. Depois conectava-se e olhava suas fotos e sentia naquele perpétuo brilho, uma alegria inefável de cumprir as metas de Homem-que-apenas-é-desfazendo-se-de-sua-essência.