Apenas 20 mulheres negras disputarão as prefeituras das 26 capitais brasileiras em 2020. Em relação ao número total de candidatos (317) são 6,3%. Comparado com o número de candidaturas de negros (107), elas representam apenas 18,6%.
Para a escritora e jornalista Bianca Santana, os números são “terríveis” e evidenciam “a posição que as mulheres negras ocupam dentro dos partidos”.
“É uma reafirmação do racismo e do sexismo dessa política institucional branca e heteropatriarcal termos pouco mais de 6% de mulheres negras candidatas a prefeitas das capitais, quando somos cerca de 25% da população", afirma.
Os 6% escancaram como o caminho é longo
Cinco partidos de esquerda concentram 55% das candidaturas de mulheres negras nas capitais, são eles: PSOL (4), PSTU (3), PT (2), PCdoB (1) e UP (1). Outros nove partidos terão uma representante em cada: Cidadania, Democracia Cristã, PMB, Podemos, PROS, PSC, PSDB, PSL e PV.
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Portanto, dos 33 partidos do país, 19 não terão candidaturas de mulheres negras nas capitais brasileiras. Santana ressalta que, mesmo em 2020, ter candidatas negras a vereadora, com pouco apoio efetivo, "é o máximo do antirracismo dos partidos brasileiros".
Em 12 capitais brasileiras, quase metade do país, não haverá candidatura de mulheres negras. Rio Branco (AC), Manaus (AM), Fortaleza (CE), São Luís (MA), Campo Grande (MS), Belém (PA), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR).
A capital que concentra o maior número de mulheres negras concorrendo à prefeitura é o Rio de Janeiro (RJ) com as candidaturas de Benedita Silva (PT), Renata Souza (PSOL) e Suêd Haidar (PMN).
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Para Bianca Santana, as candidaturas de Áurea Carolina (PSOL-Belo Horizonte), Olívia Santana (PCdoB - Bahia) e Renata Souza (PSOL – Rio de Janeiro), comprometidas com a luta feminista e antirracista, "permitem ter esperança", mas ressalta que "os 6% escancaram como o caminho é longo”.
Edição: Leandro Melito